O dólar opera em baixa nesta terça-feira (8), após ter fechado em R$ 3,86 na sexta-feira (4), último pregão antes do feriado prolongado de 7 de setembro. A queda ocorre após o Banco Central aumentar sua intervenção no câmbio e em meio ao apetite por risco nos mercados externos diante do avanço das bolsas chinesas
Por volta das 10h20, a moeda norte-americana caía 1,7%, a R$ 3,7948 para venda. Veja cotação. Na mínima da sessão, a moeda norte-americana perdeu 2,1%, a R$ 3,7793.
Com a disparada do dólar nas últimas semanas, o Banco Central informou que realizará nesta terça-feira, na parte da tarde, leilões de venda direta de dólares ao mercado financeiro, em um volume total de até US$ 3 bilhões. Os dólares serão vendidos nesta semana, mas retornarão ao BC, e consequentemente às reservas internacionais brasileiras, no começo de novembro e de dezembro deste ano.
Desde 22 de dezembro de 2014 que o BC não realizava os chamados leilões de linha (venda de moeda norte-americana com compromisso de recompra nos meses seguintes). Ao vender divisas no mercado, o BC atua para tentar conter a alta do dólar – fator que prejudica o controle da inflação, uma vez que insumos e produtos importados ficam mais caros. Neste ano, a moeda americana já subiu cerca de 40%.
"O alívio do mercado hoje vem por causa dos leilões de linha do BC e dos mercados externos, com a alta da bolsa da China. Mas a tendência, no curto prazo, ainda é de alta (do dólar)", disse o operador da corretora Correparti Jefferson Luiz Rugik.
Na segunda-feira da semana passada, o BC já havia realizado um leilão de linha, com oferta de até 2,4 bilhões de dólares.
Pela manhã, a autoridade monetária também dará continuidade à rolagem dos swaps cambiais que vencem em outubro, com oferta de até 9,45 mil contratos, equivalentes a venda futura de dólares.
O reforço na intervenção do BC vem em meio à escalada da moeda norte-americana diante de preocupações com a deterioração das contas públicas do Brasil, que poderia provocar a perda do selo de bom pagador do país, e com a desaceleração da economia chinesa. Nesta sessão, contudo, as bolsas chinesas subiram quase 3%, trazendo de volta a demanda por ativos de maior risco, como aqueles denominados em reais.
Na semana passada, da Nomura Securities e o banco JPMorgan elevaram suas projeções para a moeda norte-americana, prevendo que a divisa encerrará o ano a R$ 4 e R$ 4,10, respectivamente.
As projeções anteriores eram de R$ 3,40 e R$ 3,55. Cotações mais altas tendem a pressionar a inflação ao encarecer importados. De maneira geral, no entanto, operadores avaliaram que o BC quer diminuir o ritmo do avanço, e não impedi-lo, movimento que entendem como inevitável.
"A alta (do dólar) foi muito súbita e o mercado está falando em saídas (de divisas)", disse o operador de uma corretora nacional, sob condição de anonimato.
Último pregão
Na sexta-feira, a moeda norte-americana subiu 2,68% e fechou a R$ 3,8605 - maior cotação de fechamento desde 23 de outubro de 2002, segundo a Reuters. Também foi a maior alta diária desde março, quando, no dia 13, o dólar subiu 2,77%, a R$ 3,29.
Na semana passada, a moeda subiu 7,68%. No mês e no ano, há alta acumulada de 6,43% e 45,2%, respectivamente.
Segundo Alex Agostini, presidente da agência de classificação de risco Austin Rating, a maior cotação do dólar desde o surgimento do real foi registrada no dia 22 de outubro de 2002, quando o dólar Ptax (taxa calculada pelo Banco Central) fechou a R$ 3,9552.
“Não há registro na história de dólar a R$ 4 no país”, diz Agostini, destacando que o dólar Ptax é a taxa oficial calculada diariamente pelo BC e principal referência para contratos cambiais.
Essa forte valorização do dólar comercial reflete na cotação nas casas de câmbio, que vendem o dólar turismo, valor que é sempre maior que o divulgado no câmbio comercial. Em casas de câmbio pesquisadas pelo G1, o dólar turismo se aproximou de R$ 4,30 na sexta.
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