A sessão desta quarta-feira (8) do mercado internacional de grãos na Bolsa de Chicago mais uma vez é marcada por negócios sem uma direção definida. Às vésperas da divulgação do novo relatório de oferta e demanda do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), as cotações se movimentam de lado, sem oscilações expressivas.
Por volta das 10h50 (horário de Brasília), o contrato de soja com vencimento janeiro/13 operava com baixa de 4,50 pontos, enquanto as posições mais distantes operavam com ligeiros ganhos entre 0,75 e 1,25 ponto. No caso do milho, os ganhos eram registrados nos primeiros contratos - também um pouco acima de 1 ponto - e apenas o setembro trabalhava no vermelho.
O mercado opera, portanto, próximo da estabilidade, até que encontre informações que possam direcionar os preços de forma mais efetiva. Para Eduardo Vanin, analista da Agrinvest, o boletim poderia trazer os números consolidados para a safra 2012/13 com uma quebra de menos de 2% na produção de soja, enquanto, no início das notícias sobre os prejuízos com a seca, as perdas eram estimadas em mais quase 16%.
Por outro lado, os dados podem trazer ainda uma"surpresa positiva" tanto para as cotações da soja quanto para as do milho com estoques norte-americanos menores do que o esperado já que o esmagamento da oleaginosa continua muito expressivo e o uso do milho para a fabricação de etanol não recuou, como era previsto pelo USDA. Isso poderia, ainda segundo o analista, permitir e estimular uma recuperação dos preços.
Esse teria sido, de acordo com Vanin, um dos fatores de pressão nos preços da oleaginosa nas últimas semanas, além do cancelamento de compras da China, que também pesaram sobre o mercado nos últimos dias. "Temos uma oferta um pouco maior e a demanda parece estar recuando um pouco, em função da diferença de preços entre os Estados Unidos e a América do Sul já olhando fevereiro e também no caso da China, importando um pouco menos em janeiro e fevereiro", explicou.
Há ainda as boas expectativas para a nova safra da América do Sul e isso também pesa sobre os preços da soja. As condições climáticas são mais favoráveis e a expectativa para uma grande oferta segue mantida.
Esmagamento na China - De novembro até hoje, os preços do farelo de soja na China recuaram mais de 8% no mercado interno chinês e isso também contribuiu para o tom negativo que o mercado tomou nos últimos dias.
Ao mesmo tempo, os preços da soja em grão se mantiveram, em função de política do governo chinês de preço mínimo, e isso acabou fazendo com que as margens recuassem e pesassem, portanto, sobre a demanda, resultando até mesmo em cancelamentos como os que foram registrados nos últimos dias.
Como complemento, Vanin destacou ainda que no final de 2012 redes de fast food estariam registrando uma baixa em suas vendas de cerca de 6% diante de uma preocupação de consumidores chineses com segurança alimentar. "Surgiram boatos e até alertas do uso de antibióticos na carne de frango, e o frango corresponde a 20% do consumo de ração na China. Então, nesse final de ano vimos consumidores bastante estocados com farelo de soja na Ásia como um todo e vimos os preços, no mercado interno, recuando em função de uma demanda menor. Podemos ver as esmagadoras tirando um pouco o pé do acelerador no esmagamento nos meses de janeiro e fevereiro", explicou o analista.
Fonte: Notícias Agrícolas // Carla Mendes