No pregão desta quarta-feira (19), o mercado internacional de grãos opera na defensiva, tentando encontrar uma direção para os negócios. Os futuros da soja, do milho e do trigo terminaram a sessão eletrônica próximos da estabilidade, do lado negativo da tabela, e esse movimento ainda podia ser visto no pregão regular. Porém, logo o mercado passou a operar em alta e, por volta de 12h (horário de Brasília), ganhavam entre 2 e 7 pontos. No milho, mercado também em alta, com altas de 3 a 8 pontos, já o trigo liderava as altas e subia mais de 10 pontos nas posições mais negociadas.
Entre os fundamentos, tanto para a safra nova quanto para a safra velha, o cenário permanece inalterado. Porém, o mercado apresenta um menor apetite ao risco na sessão desta quarta à espera do pronunciamento do presidente do Federal Reserve, Ben Bernanke, que acontece logo mais.
A coletiva vem sendo muito esperada pelo mercado financeiro, que reflete um mau humor na manhã de hoje, e a expectativa é de que o presidente do banco central dos EUA indique uma direção sobre a política monetária do país, principalmente sobre programa de estímulos da instituição.
"Praticamente todos os ativos de risco estão esperando a divulgação da taxa de juros nos Estados Unidos e o pronunciamento de Bernanke. O mercado quer mais pistas para ter uma ideia de quando o banco central americano irá retirar esses estímulos monetários que estamos vendo hoje, o que levaria o dólar mais para cima, o que faria as commodities, ativos de risco, irem para baixo", explicou o analista de mercado Eduardo Vanin, da Agrinvest.
No curto prazo, porém, os preços da soja e do milho seguem contando com o suporte dos baixos estoques norte-americanos e da demanda muito aquecida pelo produto dos EUA. O mercado interno norte-americano segue registrandoprêmios muito elevados nos portos locais, levando o preço da soja para julho a mais de US$ 16 por bushel. De acordo com Vanin, nesta terça-feira foram registrados valores de mais de US$ 1 dólar acima do contrato julho.
Para os vencimentos referentes à safra nova, ainda segundo Vanin, o mercado continua sendo pautado pelas mudanças climáticas nos Estados Unidos e o impacto que elas vêm registrando no desenvolvimento das lavouras. Um dos focos agora é o comportamento do clima para os próximos 6 a 15 dias.
"O mercado ainda tem algumas perguntas a serem respondidas para se determinar o tamanho da safra. Depois, em meados de setembro, aí sim temos a entrada da safra americana e o mercado, sazonalmente, cai".
Milho - Esse cenário para os preços se repete no mercado do milho. O disponível, mesmo que um pouco menos agressivo do que o da soja, também conta com uma oferta menos restrita e a demanda aquecida, principalmente em função do alto uso do cereal para produção de etanol.
Financeiro no Valor Econômico: Espera pelo Fed coloca investidor na retranca
Todos à espera do Federal Reserve (Fed). É esse o clima nos mercados financeiros globais nesta quarta-feira, dia em que o banco central americano toma sua decisão de política monetária. Embora a expectativa geral seja de que não vai haver mudanças - nem nos juros, nem no programa de compra de títulos -, os agentes financeiros alimentam grande expectativa com relação à fala do presidente da instituição, Ben Bernanke.
Em qualquer situação, as declarações de Bernanke farão preço. Se ele simplesmente deixar de dar sinais sobre o futuro da política monetária americana, estará esfriando as apostas que hoje estão nas mesas, de que os estímulos monetários poderão ser reduzidos em breve. Os efeitos sobre o mercado, que passam por uma forte correção nas últimas semanas por causa da possibilidade de haver uma mudança no ritmo de compra dos bônus do governo americano, podem ser intensos. É por isso que, até a hora da reunião, os investidores preferem ficar na retranca.