Os melhores momentos de venda para os produtores brasileiros de soja ainda não passaram, segundo o consultor Liones Severo, do SIM Consult (
www.simconsult.com.br), ao contrário de frequentes opiniões que têm prevalecido no mercado. Para Severo, a demanda ainda é muito forte e deve se manter sem dar sinais de desaquecimento. "Em três meses, os Estados Unidos venderam todo o volume destinado para a exportação de soja de toda a safra. Isso é inédito na história da soja", diz.
Severo afirma que a China, prinicipal importador mundial da oleaginosa, continua comprando de forma agressiva, e se foca, cada vez mais, no produto sulamericano, principalmente o brasileiro. De acordo com números do consultor, mais de 20 milhões de toneladas de soja da nova safra do Brasil já foram compradas, fora os 28 milhões de toneladas de produto dos EUA.
"Ainda nesta quarta-feira (8), os chineses compraram 15 navios brasileiros. Já faz mais de seis meses que eles continuam comprando forte no Brasil", afirma o consultor, que completa dizendo que já há navios em fila no Porto de Paranaguá desde 7 de dezembro para embarcar soja brasileira na segunda quinzena da fevereiro ou início de março.
Para Severo, que não é baixista sobre o mercado, nem mesmo a safra recorde que está sendo esperada na América do Sul será capaz de exercer uma pressão muito intensa sobre os preços. "A demanda pode vir a consumir mais do que isso, e quando há demanda para toda a capacidade de produção, os preços tendem a subir. A demanda tem superado todas as expectativas".
Reforçando esse quadro de forte demanda dando o tom positivo do mercado, os preços da soja na Bolsa de Dalian, na China, são recordes e já superam as cotações de todo o ano de 2013. Ainda de acordo com o consultor, isso sinaliza a necessidade de novas compras, independente dos volumes recordes de importações.
O
USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) estima que, na temporada comercial 2013/14, a China importe 69 milhões de toneladas. Nesta sexta-feira (10), o departamento atualiza seus números e, para alguns analistas, os números das exportações norte-americanas poderiam ser revistos para cima. Em contrapartida, há expectativas do mercado de um aumento dos estoques norte-americanos e também da safra de soja dos Estados Unidos. Espera-se ainda um incremento para as estimativas de colheita no Brasil e na Argentina.
"Esses números vão sim mexer com o mercado. Eles estão pressionando os preços futuros que correspondem a safra sulamericana. Porém, em um futuro muito próximo, esses preços irão se firmar porque não hvaerá disponibilidade de soja para atender o mercado doméstico norte-americano, impactando nos preços em Chicago", acredita o consultor.
Paralelamente à questão da intensa demanda mundial pela soja, há ainda o bom momento da taxa cambial que favorece os negócios no mercado interno e pode resultar em preços ainda melhores para os produtores brasileiros. A tendência, segundo analistas, é de que o preços do dólar subam ainda mais e potencialize a relação entre os valores praticados em Chicago e a taxa cambial.
Chicago - Nesta quinta-feira (9), os futuros da soja encerraram a sessão regular com preços em alta, com exceção apenas do primeiro vencimento, janeiro/14, que registrou um ligeiro recuo de 4,50 pontos. Os demais contratos terminaram o dia subindo entre 3,50 e 4,50 pontos.
O mercado ainda encontra nesse cenário da demanda seu principal fator de suporte para os preços. O USDA, nesta quinta, anunciou a venda de mais 110 mil toneladas de soja para a China, totalizando, na semana, um volume de 575 mil toneladas. Os ganhos foram limitados, no entanto, pela espera pelos novos números do departamento norte-americano que serão divulgados nesta sexta-feira.