O
dólar abriu em leve baixa ante o real nesta terça-feira, 3, mas logo nos
primeiros momentos da sessão virou e passou a subir. A divulgação do Produto
Interno Bruto (PIB) brasileiro do terceiro trimestre, que veio abaixo do
esperado, e a possibilidade de novas remessas de lucros e dividendos
corporativos ao exterior pode dar combustível para uma nova desvalorização do
real, de acordo com operadores do mercado.
A
variação do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre foi de -0,5% ante
o período imediatamente anterior, no piso das estimativas dos analistas. Mais
uma vez, o consumo das famílias e os gastos do governo evitaram uma queda
maior, com o investimento ainda patinando, de acordo com os dados do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A queda de 2,2% na Formação Bruta
de Capital Fixo (FBCF) foi a maior registrada desde o 1º trimestre de 2012.
Com
esse cenário, cresce o receio em relação a um rebaixamento da classificação de
risco do País por agências de rating no começo de 2014, o que estimula ainda
mais a demanda por dólar. Por volta das 9h45 o dólar à vista no balcão subia
0,13%, a R$ 2,3610, enquanto no mercado futuro o dólar para janeiro avançava
0,25%, a R$ 2,3760.
As
remessas de lucros e dividendos esperadas até pelo menos o dia 15 deste mês
também devem movimentar a sessão, sustentando ainda os volumes financeiros. O
economista Sidnei Nehme, sócio-diretor da NGO Corretora de Câmbio, afirma que a
perspectiva para janeiro, fevereiro e março é de um dólar mais alto ante o
real, devido à política monetária norte-americana e porque estamos enfrentando
no País um fim de ano com fluxo negativo, sobretudo o financeiro.
Para
o economista da NGO, o fator câmbio está sendo subestimado pelo mercado.
"Os analistas de uma forma geral não estão considerando o fator câmbio nas
perspectivas de inflação. Estão menosprezando o câmbio, que é um fator em
aberto para 2014. Principalmente no primeiro trimestre, a taxa de câmbio poderá
ser pressionada para cima e deve puxar os juros futuros, prevê. "O viés é
de alta e deve se acentuar na medida em que Fed anuncie o início da redução de
estímulos nos EUA", afirmou.
Diante
dessa possibilidade, o mercado já especula se o Banco Central dará ou não
continuidade em 2014 ao seu programa de oferta diária de dólares. A intenção da
autoridade monetária quando anunciou esse programa em 22 de agosto último era a
de injetar até este fim de ano um valor total aproximado de US$ 100 bilhões no
mercado de câmbio, a fim de compensar a falta de fluxo cambial.