Nesta sexta-feira (10), os futuros da soja, do milho e do trigo fecharam o dia de olho nos novos números de oferta e demanda divulgados pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos). A soja encerrou em alta, com ganhos de dois dígitos, e o milho e o trigo no vermelho.
Soja - Os futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago fecharam o último pregão da semana com altas entre 12,50 e 19,75 pontos refletindo os cortes nas projeções para a oferta de soja feitos pelo USDA.
O departamento norte-americano promoveu um ajuste para baixo na produção de soja mundial e dos Estados Unidos, além de reduzir sua produtividade e estimar os estoques do país em 3,13 milhões de toneladas, níveis historica e perigosamente baixos.
A projeção para a safra mundial de soja 2012/13 caiu de 267,16 milhões para 260,46 milhões de toneladas e os estoques mundiais caíram de 55,66 milhões para 53,38 milhões de toneladas.
Além desses cortes feitos pelo USDA, sinais de uma demanda bastante aquecida também contribuíram para o avanço dos preços. Nesta sexta-feira, o departamento reportou a venda de 290 mil toneladas de soja para a China. As importações da oleaginosa pela nação asiática só no primeiro semestre desse ano tiveram aumento de 20% em relação ao mesmo período do ano passado.
Milho - Na contramão da soja, o milho fechou a semana em baixa. O mercado viu, a princípio, números dentro do esperado e registrou uma reação mais morna aos novos números do USDA depois de uma sessão de boas altas nesta quinta-feira (9), pré-relatório, quando o cereal atingiu o recorde dos US$ 8,49 por bushel. Na sessão desta sexta, as perdas nos principais vencimentos ficaram entre 10 e 18,25 pontos.
Entretanto, assim como no caso da soja, o departamento norte-americano também promoveu uma redução em suas estimativas para produção, produtividade e estoques nos Estados Unidos e, como explicaram os analistas de mercado, trata-se de um boletim, portanto, altista. A produção norte-americana deverá registrar uma baixa de 100 milhões de toneladas, o volume projetado hoje foi de 273,9 milhões contra a estimativa inicial de 365 milhões de toneladas.
Mercado - A reação do mercado ao reporte do USDA foi pouco expressiva, segundo analistas. Porém, essa não é a realidade dos preços, que devem logo voltar a subir. Nesta quinta-feira (9), os grãos registraram boas altas tentando antecipar os números divulgados nesta sexta e esse avanço acabou "limitando" movimentos mais significativos neste pregão.
Segundo explicou o analista de mercado Pedro Dejneka, "o relatório é extremamente altista. O USDA foi obrigado a cortar estimativas de exportação para "fazer a matématica funcionar", pois não tem como mostrar um número negativo de estoques tanto para soja quanto para milho. Ou seja, dados "jogam a realidade na cara do mercado" e o mercado sabe que é preciso racionar. As estimativas de exportação estão muito baixas, mas serão maiores no final das contas. Precisaremos de preços mais altos para racionar o que é preciso racionar", disse.
De acordo com o analista, a reação dos preços foi mais um reflexo do movimento de "compra de boatos e venda de fatos". Sendo assim, o que poderá ser visto até meados de setembro são os futuros tanto da soja quanto do milho testando novas máximas diante do atual quadro de oferta e demanda.
Fonte: Notícias Agrícolas // Carla Mendes