Jesus

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segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Fundos soberanos avançam sobre tradings de commodities

O anúncio feito na sexta-feira pela Corporação de Investimento do Governo de Cingapura (GIC, na sigla em inglês), dando conta de que adquiriu uma fatia da americana Bunge, apenas confirma o crescente interesse dos países asiáticos pelas firmas globais de commodities. Com US$ 248 bilhões em sua carteira, o GIC comprou 5% das ações da companhia americana por um valor estimado em US$ 500 milhões.

Nos últimos anos, a Corporação de Investimento da China (CIC) e a da Coreia (KIC) adquiriram fatias na Noble, maior trading de commodities da Ásia, e a Temasek Holdings, também de Cingapura, entrou no capital da Olam, trading agrícola com sede no mesmo país. A própria GIC já tinha participação em outra gigante do setor, a suíça Glencore.

Mas a compra de ações da Bunge tem um peso simbólico. Marca a entrada do capital asiático em uma empresa do seleto grupo das "ABCD" - formado também pelas tradings americanas ADM e Cargill, além da francesa Louis Dreyfus -, que domina o comércio global de produtos agrícolas. Com vendas de US$ 58 bilhões, a Bunge movimentou quase 142 milhões de toneladas entre grãos, açúcar e adubos em 2011.

A Dreyfus pode ser a próxima a ter um investidor estatal asiático. A empresa já informou que um aporte de um fundo soberano pode ser uma saída para atrair recursos em um desejado processo de capitalização.

Os fundos soberanos, ligados a governos de países com grandes superávits comerciais, detêm mais de US$ 4,8 trilhões em ativos espalhados pelo mundo. Cerca de 75% desses fundos estão na Ásia e no Oriente Médio. Papéis lastreados em recursos naturais ainda têm um espaço pequeno nessa carteira - no caso da GIC, não passam de 3% - mas são uma aposta cada vez mais evidente.

Os governos asiáticos têm procurado ampliar o controle sobre fontes de alimentos, metais e energia, com o objetivo de sustentar o rápido crescimento de suas economias e populações. Como a compra direta de terras por estrangeiros vem sendo combatida em países que ainda têm condição de expandir a produção agrícola, a participação acionária em empresas do segmento pode ser uma alternativa.

No Brasil, a legislação carece de definições claras sobre a participação de estrangeiros nesse tipo de ativo. Algumas concessões devem ser feitas, mas a tendência é os fundos soberanos ficarem de fora. "Fizemos todas as consultas e análises possíveis e nos convencemos de que a lei não permite, em nenhum caso, a participação de fundos soberanos na propriedade de terras no Brasil", disse Arlindo Moura, presidente da SLC Agrícola, ao Valor no fim de fevereiro.

À frente da maior companhia agrícola do país, Moura negociou durante todo o ano de 2011 a entrada de fundos soberanos no capital da Land Co., uma subsidiária da SLC Agrícola com foco em compra e venda de terras. Na época, a proposta era vender 49% da empresa de terras por US$ 220 milhões. "Estávamos com o cheque na mão. Mas, na última hora, se percebeu que, apesar de a legislação brasileira fazer concessões, elas não existiriam para os fundos soberanos", relata Moura, que agora negocia com fundos de investimentos nacionais para a Land Co.

Mas a compra de pequenas participações em companhias de commodities por fundos soberanos pode indicar tão somente uma aposta no retorno financeiro desses ativos ou uma estratégia para minimizar os prejuízos com a desvalorização do dólar. Apesar da queda no segundo semestre de 2011, os preços das commodities devem seguir pressionados para cima frente ao aumento da demanda, o excesso de liquidez nos mercados financeiros e as restrições ao aumento da oferta no médio prazo


Fonte: Valor Econômico

Economia mundial ainda corre perigo, avalia diretora-gerente do FMI

A economia mundial ainda não está fora de perigo, alertou a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, na conclusão ontem do encontro dos ministros das Finanças do G-20 no México.

Para ela, o G-20 deve ampliar sua resistência a novos choques que podem resultar de sistemas financeiros ainda frágeis, do alto endividamento público e privado e de preços mais elevados do petróleo. "De igual preocupação é o desemprego, que ainda é muito alto em muitos países", acrescentou, conforme o comunicado disponível na página eletrônica do Fundo.

O encontro realizado no fim de semana serviu, segundo Lagarde, para discutir os desafios enfrentados pela economia mundial e os próximos passos e ações. Durante o debate, foi abordado ainda, como lembrou a representante do FMI, a construção de barreiras de proteção global mais fortes, incluindo alavancar os recursos do Fundo, para garantir contra choques renovados e para restaurar a confiança global.

"Nós sugerimos aumentar a capacidade de empréstimo do FMI de US$ 500 bilhões, que seria combinada com uma barreira de proteção de tamanho adequado, alta qualidade e crível em nível europeu", sustentou Lagarde. "Fiquei animada pelo reforço do G-20 da importância desse processo. As decisões concretas vão esperar a reavaliação, pelos países da zona do euro, de suas linhas de apoio, planejada para março", emendou.

Lagarde recordou que muitos assuntos discutidos no fim de semana vão ser revisados em encontros a ser realizados em Washington em abril e na reunião de chefes de Estado e governo do G-20 em junho. "Até lá, é crucial que os países continuem seus esforços para restaurar o crescimento global", concluiu.


Fonte: Valor Econômico