Nesta segunda-feira (30), o departamento norte-americano reportou os estoques do país, tanto de soja quanto de milho, em números que superaram as expectativas do mercado e isso ainda exerce alguma pressão negativa sobre as cotações. Entretanto, as perdas são bem mais expressivas para a oleaginosa do que para o cereal.
Outros números do USDA que ainda pesam sobre os negócios são os do relatório de acompanhamento de safra, também divulgado nesta segunda, onde o órgão mostra que o percentual de área colhida, em uma semana, passou de 3 para 11%. Além disso, ainda informou que o índice de lavouras de soja em boas ou excelentes condições passou de 50 para 53%, reflexo das últimas chuvas que chegaram ao Corn Belt.
Entretanto, o mercado espera ainda pelo relatório de oferta e demanda que o USDA divulga no dia 11 de outubro para dar uma direção mais definida ao mercado. Porém, a divulgação desse boletim está pendente e o mercado ainda não sabe se será efetivada, uma vez que o governo dos Estados Unidos está pralisado diante de uma falta de acordo sobre o aumento do teto da dívida federal dos EUA.
"Com essa falta de acerto da questão fiscal nos EUA, temos hoje pelo menos 800 mil pessoas em licença automática nos EUA, de agências, museus e parques nacionais. Hoje, o site principal do USDA já não traz informações e então o mercado trabalha com um possível adiamento desses relatórios, tanto o de condições de lavoura da próxima segunda (8) e também o de oferta e demanda do dia 11", explicou o analista de mercado João Schaffer, da Agrinvest.
Todas essas informações criam também uma maior aversão ao risco por parte dos investidores, que operam mais na defensiva à espera das definições que são negociadas nos Estados Unidos. Entretanto, o mercado já não reage com tanto nervosismo às informações, como foi registrado ontem.
"Além da realização de lucros por conta dessa questão de estoques, o mercado também já começa a observar outros ativos, com isso vimos o título de dez anos do mercado norte-americano voltando a observar uma tendência de alta, o que pode tirar um pouco o volume financeiro do mercado de commodities e olhar para essa questão dos títulos americanos, que ainda estão com uma boa valorização", explica Schaffer.
Milho e Trigo - Enquanto a soja exibi um expressivo recuo, os preços do trigo operam em campo misto na Bolsa de Chicago e, por volta de 12h13 (horário de Brasília), operavam com oscilações pouco expressivas. Mais cedo, as cotações registravam boas altas. É esse movimento positivo, de acordo com o analista da Agrinvest, que limita as perdas do milho.
Segundo Schaffer, os futuros do grão ainda encontram sustentação na expressiva demanda mundial. "No trigo, há uma demanda aquecida, principalmente do Brasil depois de termos a nossa safra prejudicada, principalmente no Paraná, depois da onda de geadas", disse.