Os números divulgados nesta quinta-feira pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) em seu relatório mundial de oferta e demanda confirmaram o cenário fundamental altista para a soja e de franca baixa para o milho. Os dados vieram em linha com o esperado pelo mercado e as primeiras projeções para a safra 2012/13 contribuem para esse quadro.
"As primeiras projeções para 2012/13 reforçam o cenário de alta para a soja e o de franca baixa para o milho", disse o analista de mercado Carlos Cogo, analista de Mercado da Carlos Cogo Consultoria Agroeconômica.
No pregão regular de hoje, os negócios no mercado internacional de grãos foram guiados por esses últimos números do departamento norte-americano. A soja encerrou o dia registrando altas de mais de 25 pontos nos principais vencimentos e o milho, na contramão, com quedas de dois dígitos.
A sustentação para os preços da oleaginosa vieram da confirmação do seriamente ajustado quadro de oferta e demanda. O USDA reportou uma baixa para os estoques finais de soja nos Estados Unidos, bem como na safra mundial 2011/12, cortando, principalmente, os números do Brasil e da Argentina.
No cenário mundial, a produção foi reduzida de 240,15 milhões para 236,87 milhões de toneladas e os estoques finais passaram de 55,52 milhões para 53,24 milhões de toneladas.
A estimativa para a produção brasileira foi reduzida de 66 milhões para 45 milhões de toneladas, e a da Argentina, de 45 milhões para 42,5 milhões de toneladas. E os estoques norte-americanos foram reduzidos de de 6,8 milhões para 5,72 milhões de toneladas, uma redução de 16%. O volume também ficou abaixo do que era esperado pelo mercado, algo em torno de 6,014 milhões de toneladas.
Para os estoques finais da safra 2012/13 de soja, as primeiras estimativas apontam para algo em torno de 3,946 milhões de toneladas, enquanto o mercado apostava em 4,626 milhões. A produção foi estimada em 87,22 milhões de toneladas.
"O cenário de aperto da soja, que já grande este ano, não terá alívio no ano que vem, mesmo considerando a recuperação da América do Sul. Os estoques mundiais de soja A expectativa é de aumento da área de soja de verão para o Brasil com toda certeza e preços acima dos US$ 14 por bushel", afirma Cogo.
Enquanto os números são extremamente favoráveis para os preços da soja, para o milho são bastante preocupantes e já sinalizam um expressivo recuo dos preços.
Sobre a safra 2011/12, o USDA trouxe um aumento dos estoques finais mundiais e norte-americanos. As estimativas para as reservas globais passaram de 122,7 milhões de toneladas, estimadas em abril, para 127,56 milhões. Já nos EUA, os estoques foram projetados em 21,62 milhões de toneladas contra a projeção de abril de 20,35 milhões de toneladas. A alta foi de 6,24%.
Segundo explicou Carlos Cogo, os estoques nos Estados Unidos nem são muito altos e podem ser considerados até mesmo levemente baixos. No entanto, na próxima safra, a primeira projeção do USDA é de algo em torno de 47,78 milhões de toneladas, com uma produção de 375,68 milhões de toneladas, enquanto no ciclo 2011/12 foram produzidas 313,91 milhões de toneladas.
"Isso para o mercado futuro, para longo prazo, é uma variável extretamente baixista. Hoje, em Chicago, o vencimento dezembro está 21% mais baixo do que o maio", diz Cogo. Essa baixa esperada para o mercado futuro internacional, como explicou o analista, deverá ser prontamente assimilada e sentida pelo mercado doméstico.
Nesta quinta-feira, os futuros do cereal encerraram o dia com expressivas baixas em seus principais vencimentos. Em um reação imediata aos números do USDA, o milho fechou o pregão com perdas entre 8,75 e 19,75 pontos nos contratos mais próximos.
Fonte: Notícias Agrícolas // Carla Mendes