Mato Grosso lidera ocorrências de ferrugem asiática na safra 2011/2012 com 47% dos focos registrados até sexta-feira (27). São 65 notificações entre os laboratórios credenciados no Estado pelo Consórcio Antiferrugem e os produtores começam se preocupar com as perdas devido ao fungo Phakopsora pachyrhizi. Com as chuvas e o clima quente, a proliferação da ferrugem é facilitada e a recomendação dos técnicos é que produtores aumentem o número de aplicações de defensivos nas lavouras a fim de evitar o aparecimento do fungo. Problema disso, além da possível perda de produtividade, está no aumento de custo ao produtor que precisa a investir mais na aquisição e aplicação de fungicida.
Em média, o custo por hectare para o ciclo completo da soja é de R$ 200 a R$ 400, dependendo da qualidade do produto aplicado. De acordo com gerente técnico da Associação de Produtores de Soja e de Milho de Mato Grosso (Aprosoja/MT), Luiz Nery Ribas, a ferrugem asiática na safra 2011/2012 está mais crítica que nos últimos 2 anos por causa do fenômeno La Niña. Segundo ele, o clima está extremamente favorável para doença. Altas temperaturas e umidade facilitam a propagação do fungo, assim como a colheita da soja precoce e super precoce, porque o vento é o maior dispersor do fungo, que acaba afetando as lavouras mais tardias.
Ou seja, os produtores que plantaram em dezembro são os que mais correm risco de ter a produção afetada, devido à contaminação vinda de outras lavouras. A chuva persistente dificulta o tratamento, o produtor não consegue entrar com o trator e o pulverizador. É mais um agravante neste ano. Vamos reduzir produtividade e vai aumentar o custo e a produção vai ser afetada, embora ainda seja cedo para falar em percentual, afirma Ribas.
Diretor-executivo da Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Seneri Paludo, afirma que ainda é cedo para estimar a perda para o Estado, mas não descarta o problema. Mato Grosso como um todo é muito suscetível à ferrugem devido ao excesso de umidade neste período. Além da ferrugem, outro dano causado pela chuva é a fermentação do grão, conhecido como soja ardida. Neste caso, explica Paludo, o grão fica com mais umidade do que o recomendável e o produtor tem que gastar mais para secar a oleaginosa quando possui armazém próprio, ou receber menos das tradings pelos custos extras que essas empresa terão.
Engenheiro agrônomo, especialista em ferrugem, José Tadashi, explica que com a doença o grão não enche, ou seja, não amadurece até o ponto ideal, tornando-o mais leve do que o normal e às vezes o custo de colheita não compensa o que será pago pelo produto. Além de receber menos pelo menor peso, Tadashi afirma que as compradoras também pagam menos porque na hora de processar o grão o custo sobe, uma vez que a fabricação do óleo fica mais complicada.
Uma característica que poderá ajudar para evitar uma propagação muito grande, segundo o engenheiro, é a redução do tempo de amadurecimento da soja de 130 para 100 dias, em média, permanecendo assim menos tempo em exposição. Produtor Neri Geller conta que em visita às lavouras da região Médio-Norte e Norte na última semana, foi possível perceber a proporção do problema. Há lavouras inteiras tomadas pelos fungos. Os produtores precisam se atentar e aplicar o preventivo a cada 15 dias ou menos.
Motivação -
Engenheiro agrônomo José Tadashi explica que o crescimento da incidência da ferrugem nesta safra é influenciada pela soma de alguns fatores. Segundo ele, com a redução do problema nas duas últimas safras, o produtores costumam relaxar mais, fazer menos aplicações e ou comprar produtos de qualidade inferior. Além disso