Apesar das fortes baixas registradas pelo complexo de grãos nesta terça-feira na Bolsa de Chicago, não há novidades sobre o cenário que provoca essas quedas. O nervosismo do mercado financeiro continua pressionando muito as commodities e as agrícolas não ficam de fora dessa queda generalizada.
Na noite desta segunda-feira, o primeiro ministro grego George Papandreou surpreendeu e preocupou o mercado e o mundo ao anunciar que vai submeter as medidas de austeridade exigidas por órgãos internacionais para continuar ajudando o país.
Alguns analistas acreditam ainda que a Grécia podeira até mesmo ser expulsa da Zona do Euro caso o resultado fosse desfavorável aos ajustes fiscais impostos pela União Europeia e pelo FMI.
Toda essa tensão no cenário macroeconômico traz de volta o aumento da aversão ao risco e consequentemente a fuga dos investidores para ativos mais seguros, o que favorece as baixas.
Por outro lado, as perdas só não mais acentuadas ainda por conta de um suporte que ainda vem dos fundamentos. A oferta continua bastante restrita, baixos estoques e demanda aquecida.
"O sistema financeiro está pânico. Mas se o mercado estivesse se baseando só no macro era para estar caindo bem mais", disse o analista de mercado Pedro Dejneka, da corretora RJ O'Brien, de Chicago.
Dejneka afirma que, de fato, ainda não há nada resolvido, nada concreto na Europa que possa conter a expansão e o agravamento da crise no continente. Enquanto não houver uma solução, as cotações devem continuar sentindo essa pressão negativa.
Por volta das 14h46 (horário de Brasília), os principais vencimentos da soja operavam com baixas de mais de 20 pontos. No milho e no trigo, os contratos mais próximos perdiam quase 10.
USDA - Outro fator que impulsiona a liquidação de posições é a expectativa para o relatório mensal de oferta e demanda que o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) divulga no próximo dia 9 de novembro.
De acordo com Dejneka, alguns analistas já apostam na redução da estimativa para a produção norte-americana de milho e poucas mudanças para a safra de soja.
Com isso, os traders optam por operar com mais cautela e não tomar posições tão definitivas à espera do relatório.
Fonte: Notícias Agrícolas // Carla Mendes