A atualização desta semana do Monitor da Seca nos Estados Unidos apontou uma redução da área do país sob a influência dessa severa estiagem que castiga os norte-americanos. No entanto, mapas meteorológicos do modelo europeu, o mais preciso dos últimos três meses, divulgados no final da sessão desta quinta-feira (2) apontaram chuvas para o intervalo dos próximos 6 a 10 dias na região do cinturão produtor dos EUA, e mais chuvas do que trazem os mapas norte-americanos e a expectativa sobre essas chuvas pesou sobre os futuros da soja, do milho e do trigo na sessão desta quinta-feira (2). .
Essas informações podem exercer uma pressão negativa no mercado internacional de grãos na sessão desta sexta-feira (3), principalmente o da soja, que fechou o dia com baixas de dois dígitos nos principais vencimentos. "Isso pode atrair a atenção do mercado que já é um mercado cansado, nervoso, que parou para respirar depois das fortes altas das últimas semanas", disse Pedro Dejneka, analista de mercado da PHDerivativos.
Porém, isso ainda não é motivo de alívio para os produtores, que continuam vendo suas lavouras sendo deterioradas pela falta de chuvas e as altas temperaturas. Importantes estados produtores como Illinois, Kansas e Nebraska estão nas condições mais graves da seca. De acordo com informações do site norte-americano Agriculture.com, nos próximos dias a situação pode continuar se agravando nas regiões das planícies centrais e do sudoeste ao centro-oeste do Meio-Oeste.
A tendência para o clima nos Estados Unidos ainda está indefinida e continuará trazendo volatilidade e nervosismo ao mercado. Para que a soja possa se recuperar, mesmo que parcialmente, é necessário que as chuvas aumentem, se estendam por mais tempo e cheguem a uma região maior. Nas próximas duas semanas, as áreas da oleaginosa precisam de chuvas regulares, pois entram em uma fase muito importante de desenvolvimento das plantas.
Já no caso do milho, que na sessão de hoje fechou com os preços em território misto em Chicago, as perdas são irreversíveis e superam as 50 milhões de toneladas.
USDA - Paralela à toda essa incerteza climática, há ainda a cautela dos investidores que aguardam o relatório de oferta e demanda que o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) divulga no próximo dia 10 de agosto.
A expectativa é de que o departamento promova uma nova redução de suas estimativas tanto para a oferta quanto para os estoques norte-americanos frente a essa séria quebra de safra pela qual passa o país.
Como explicou Dejneka, diante desse quadro de incertezas o que se vê são fundos sem convicção. Tanto vendedores como compradores não estão convictos o suficiente para assumirem posições muito definitivas e operam a cada nova informação, seja de clima, oferta, demanda ou referentes ao macrocenário.
Porém, segundo o analista, a tendência de longo prazo ainda se mantém de alta para os preços dos grãos. "Já se sabe que a situação de oferta e estoques aqui nos Estados Unidos é muito complicada", disse.
Fonte: Notícias Agrícolas // Carla Mendes