Os futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago ampliaram suas perdas na sessão desta quarta-feira (19), sessão que está sendo marcada pela forte volatilidade e fecharam o dia com forte queda. A oleaginosa chegou a transitar pelos dois lados da tabela mais cedo, com oscilações pouco expressivas, porém, mais tarde assumiu um recuo mais intenso e terminou os negócios perdendo mais de 30 pontos.
Segundo analistas, neste ritmo de final de ano, o mercado é pressionado por movimentos de vendas técnicas diante de boas condições climáticas na América do Sul, principalmente no Brasil, e da recente notícia de cancelamento das compras de soja pela China nos Estados Unidos.
Como explicou Pedro Dejneka, analista da Futures International, de Chicago, "acima dos US$ 15, o mercado será vendido, e abaixo dos US$ 14, será comprado". O mercado, nestes últimos dias de 2012, vem trabalhando de forma técnica, sempre muito atento a importantes movimento do gráfico. "O volume de operações durante esta época do ano é geralmente pequeno, então qualquer volume maior move o mercado, tanto para baixo como para cima", completou.
O momento atual é de muita indefinição no mercado internacional da soja frente a incertezas, principalmente, sobre a safra 2012/13 sulamericana. A situação é mais preocupante na Argentina, onde as chuvas excessivas comprometem seriamente o processo de plantio e podem resultar em sérias perdas na colheita. Entretanto, há quem ainda creia em um volume acima dos 55 milhões de toneladas de soja.
Ainda segundo Dejneka, as previsões para a safra argentina variam entre 45 e 58 milhões de toneladas e, nem mesmo os produtores locais já sabem quais serão as reais consequências dessa enorme quantidade de chuvas. A projeção do analista é de que a Argentina produza 53 milhões de toneladas nesta temporada. Para o Brasil, ele espera algo entre 82 e 83 milhões de toneladas, 8,5 milhões de toneladas para o Paraguai e 4,5 milhões para a Bolívia a Uruguai.
"Ainda é cedo demais para ter-se qualquer tipo de convicção sobre o número final de produção na América do Sul. Ou seja, estimativas de produção ainda são pura especulação", disse Dejneka.
A latência dessa incerteza que ronda o mercado deverá ser reduzida a partir de janeiro quando será possível saber mais sobre o andamento do clima, estimativas de produção mais condizentes e o ritmo que a demanda da China tomará no próximo ano. "A indefinição do mercado traz suporte aos preços, pois dentro da situação atual, o mercado não pode “incentivar” maior demanda por meio de preços muito baixos", diz Dejneka.
O mercado ainda conta com fundamentos positivos, entretanto. Os estoques mundiais são historicamente baixos, a demanda se mantém aquecida há três quebras consecutivas de safra. Diante disso, agora o mercado está "disposto a pagar para ver como a safra irá se desenvolver na América do Sul. Até que o mercado tenha esta convicção de que a produção será acima de 145 milhões de toneladas na América do Sul, baixas serão compradas". Por outro lado, os preços poderão registrar um bom desempenho caso se confirme um corte significativo na colheita sulamericana.
Fonte: Notícias Agrícolas // Carla Mendes