O acordo para evitar que o Chipre entre em
colapso e saia da zona do euro foi fechado na madrugada desta segunda-feira,
traz alívio aos mercados e enfraquece o dólar ante o euro e moedas ligadas a
commodities. A melhora do humor externo tira a pressão altista das últimas
sessões do dólar em relação ao real. A moeda norte-americana ultrapassou os R$
2,00 na semana passada, sem que houvesse intervenção do Banco Central.
Na sexta-feira, o dólar à vista fechou em alta,
pela terceira sessão seguida, a R$ 2,0140 (+0,35%) no balcão. Este é o maior
valor de fechamento desde 24 de janeiro (a R$ 2,0310). A moeda desacelerou um
pouco na sexta-feira, em parte influenciada por declarações feitas pelo
presidente do Banco Central, Alexandre Tombini.
Às 9h28, o dólar à vista no balcão caía 0,20%, a
R$ 2,010. O dólar para abril de 2013 perdia 0,05%, a R$ 2,010.
"Com essa melhora no exterior por causa do
Chipre, nossa moeda deve valorizar, mas dificilmente o dólar cai abaixo de R$
2,00", disse há pouco um operador de tesouraria de um banco nacional.
Segundo ele, o dólar pode ficar perto de R$ 2,05.
Nesta semana mais curta, por causa do feriado de
Sexta-feira Santa, o foco doméstico estará em Tombini e no ministro da Fazenda,
Guido Mantega, que participam amanhã e quarta-feira da 5ª Cúpula do BRICS
(Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) em Durban, na África do Sul.
Hoje, Tombini tem encontro fechado à imprensa com a presidente do Banco Central
da África do Sul, Gill Marcus.
A leve desaceleração observada há pouco no euro,
no entanto, reflete a cautela diante dos receios de que a ajuda ao Chipre possa
não ser suficiente para eliminar o perigo de contágio para outros países da
zona do euro e as consequências serão realmente sentidas em meses ou anos. Na
imprensa internacional, alguns analistas avaliam que o plano fechado é até mais
duro do que o original.
O acordo prevê a liquidação do segundo maior banco
cipriota, o Banco Popular do Chipre, ou Laiki, que será fundido com o Banco do
Chipre, líder do ranking do país. Além disso, os correntistas com depósitos
acima de 100 mil euros terão de arcar com uma taxa ainda a ser definida, mas
que deve 30% ou um pouco abaixo disso. Em troca, o país finalmente irá receber
o socorro de ? 10 bilhões em recursos internacionais.
A Alemanha, que desde sempre foi a favor da
taxação dos depósitos bancários, comemorou o acordo. "O resultado é justo
para todos os envolvidos", disse o ministro de Finanças da Alemanha,
Wolfgang Schäuble.
Perto das 9h, euro subia a US$ 1,2984, de US$
1,2989 no fim da tarde de sexta-feira. O dólar subia a 94,77 ienes, de 94,56
ienes no fim da tarde de sexta-feira. O Dollar Index (DXY) subia 0,02%, a
82,39.
O dólar caía em relação às moedas relacionadas a commodities:
dólar canadense (-0,37%); dólar neozelandês (-0,22%); dólar australiano
(-0,26%); rand sul-africano (-0,41%); rupia indiana (-0,29%); rublo russo (-0,44%).
FONTE:ESTADÃO