A soja fechou o pregão noturno desta quinta-feira com baixas de dois dígitos na Bolsa de Chicago em mais um dia de realização de lucros. A direção dos preços virou, mas a tendência não. "A tendência de alta ainda é bastante firme no mercado da soja", diz o analista de mercado Pedro Dejneka, da PHDerivativos.
Depois de atingirem o patamar dos US$ 15 por bushel, os preços passam por uma correção e, segundo Dejneka, são sinais de um mercado saudável. "Todo mercado saudável precisa parar para respirar, ele não sobe em linha reta", completa. De acordo com o analista, o mercado está alcançando seu objetivo ao atingir cotações tão altas como as vistas nos últimos dias que é o de racionar o produto quando se tem problemas com estoques.
A oferta mundial de soja está bastante restrita nessa safra - 2011/12 - principalmente por conta da quebra da produção em importantes importadores da oleaginosa como a Argentina e o Brasil ocasionada por uma forte estiagem. Toda semana chegam novas estimativas de redução para ambas as safras, como a última da Informa, que reduziu sua projeção de 45 milhões para 40 milhões de toneladas.
Na outra ponta, a demanda segue firme e aquecida, principalmente por parte da China, que segue realizando compras quase que diárias. Nesta quinta-feira (3), o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) anunciou a venda de 232 mil toneladas de soja para a nação asiática.
Além disso, confirmando este cenário, os dados sobre as exportações semanais divulgados pelo departamento norte-americano vieram muito bons e bem acima do volume esperado pelo mercado. Na semana encerrada no dia 26 de abril, as vendas dos EUA totalizaram 1,732 milhões de toneladas ante o estimado que variava entre 900 mil e 1,4 milhão de toneladas.
"Estamos 300% acima do que o registrado no ano passado das exportações da nova safra de soja dos Estados Unidos", diz Dejneka.
Paralelas a este quadro fundamental positivo, estão as expectativas para o próximo relatório de oferta e demanda que o USDA divulga no dia 10 de maio. Segundo o analista, o órgão deverá reportar uma agressiva e imediata redução de seus números para os estoques de soja do país e estimular, como números oficiais, uma nova alta dos preços.
Nesse compasso de espera, os traders aproveitam para ajustar suas posições e conseguir um melhor posicionamento antes da divulgação dos novos dados vindos dos Estados Unidos. Além disso, o mercado também já começa a dar atenção para a nova safra norte-americana.
As boas expectativas para a safra norte-americana também são fatores de pressão negativa para os preços. As condições climáticas nos EUA têm sido favoráveis e o plantio avança em um ritmo superior ao do ano passado.
No entanto, apesar das boas expectativas para a produção, há ainda o temor de que mesmo que seja "perfeita", a colheita dos EUA possa ser insuficiente para atender a demanda.
Milho e trigo - Ao contrário da soja, o dia não foi tão expressivo para os mercados do milho e do trigo na Bolsa de Chicago , que encerraram no misto e positivo, respectivamente.
No caso do milho, o bom desempenho das exportações semanais norte-americanas, as boas expectativas para a demanda e o viés positivo pelo qual caminhou o trigo mantiveram as cotações no azul.
Porém, por outro lado, o cereal voltou a sentir a pressão das expectativas de uma grande safra nos Estados Unidos, a qual vem sendo beneficiada por condições climáticas favoráveis na fase do plantio.
Já o trigo operou em alta, segundo analistas, apenas para estabilizar as cotações depois das fortes perdas de ontem. Os investidores procuraram estabilizar os preços haja visto que o mercado enfrenta um período de ausência de novidades fundamentais que possam estimular movimentos mais bruscos do mercado.
Fonte: Notícias Agrícolas // Carla Mendes