Em um ano a valorização do milho foi de até 115% em Mato Grosso. Cidades como Diamantino (a 208 km de Cuiabá) e Sorriso (a 420 km da Capital) vendiam a commodity em 21 de maio de 2010 por R$ 9 (saca com 60 kg). Em 20 de maio deste ano o valor atingiu em média R$ 19,40. A evolução ocorreu em todo o Estado. Em Campo Verde (a 131 km de Cuiabá), por exemplo, o milho chegou na última semana a R$ 21,70, 90% a mais que 2010.
Tamanha variação é consequência de alguns fatores que afetaram o mercado nacional e internacional. No Brasil, a política do governo federal para esvaziar os estoques e promover o escoamento com o pagamento de prêmios estimulou as vendas. No mercado internacional, a quebra de produção na Argentina e na China fizeram com que a demanda pelo produto brasileiro aumentasse substancialmente.
Para o diretor-administrativo da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja/MT), Carlos Fávaro, o aumento de preço na verdade representa uma recuperação para o setor produtivo. Explica que há um ano, o que era pago pelo milho não atingia nem o preço mínimo estipulado pelo governo federal, de R$ 13,98. Com a recuperação, os produtores passam a ter renda. "Ano passado estávamos pagando para produzir. Não podemos ficar reféns de políticas do governo. Agora temos margem positiva".
Porém, para alguns produtores a felicidade não será completa. Presidente do Sindicato de Rural de Sinop (a 500 km de Cuiabá), Antônio Galvan, argumenta que a intensidade de chuvas na colheita da soja fez com o plantio do milho fosse atrasado e, com isso, no período em que a semente precisava de chuva, veio a estiagem. Assim, os produtores que teriam uma remuneração positiva, terão algumas perdas.
Além da chuva, o algodão também interferiu na produção. Segundo Fávaro com a alta no algodão, muitos produtores migraram de cultivo e a área plantada será 10% inferior a de 2010, que foi de aproximadamente 2 milhões de hectares. Este ano a produção será em 1,75 milhão de hectares.
Fonte: A Gazeta