Após o significativo e preocupante fechamento negativo desta segunda-feira (14), os futuros da soja recuperaram partes das perdas e fecharam a terça-feira com boas altas na Bolsa de Chicago. Nos contratos mais próximos, os ganhos superaram os 20 pontos. O vencimento julho encerrou o dia valendo US$ 14,13 por bushel, com alta de 26 pontos.
O mercado internacional da oleaginosa voltou novamente seus holofotes aos fundamentos, que seguem positivos e extremamente altistas para os preços. Segundo analistas, após duas sessões consecutivas de baixas, os fundos especuladores voltaram à ponta compradora dos negócios e estimularam novas altas dos preços.
A oferta mundial de soja continua muito apertada, com estoques cada vez menores. A seca que provocou uma quebra na produção da América do Sul comprometeu o volume ofertado pelos dois principais exportadores mundiais da commodity depois dos EUA, o Brasil e os Estados Unidos.
Paralelamente, a demanda continua aquecida e crescente. Nos últimos dias, foram divulgados números apontando para um aumento das exportações de soja tanto do Brasil quanto da Argentina e os dados atuaram como catalisadores para as altas na soja na CBOT.
Ontem, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) divulgou seu relatório de inspeções de exportações reportando embarques de soja pelos portos norte-americanos acima das expectativas do mercado. Os embarques norte-americanos de soja somaram 552,8 mil toneladas na semana encerrada no último dia 10 e ficaram bem acima do embarcado na semana anterior, 291,6 mil toneladas.
No Brasil, a Céleres Consultoria informou que, até o último dia 11, os sojicultores brasileiros já haviam comercializado 83% da safra, volume bem maior do que os 63% registrados neste mesmo período do ano passado.
Enretanto, esse avanço registrado hoje não descarta ainda a influência negativa que pode vir do mercado financeiro e que provocou sérias perdas nas cotações nos últimos dois pregões. Como explicou o analista de mercado Flávio França, da agência Safras & Mercado, ainda há um grande volume de contratos em posições compradas e que são suscetíveis a uma fuga em caso de novas informações que possam trazer nervosismo ao mercado financeiro.
A situação na Europa ainda é bastante delicada e incerta. As atenções agora se voltam para a Grécia, que deverá passar por novas eleições presidencias haja visto que não se chegou a um acordo para um governo de coalizão.
A principal divisão entre os partidos é se o país deve ou não manter as severas medidas de austeridade exigidas por seus parceiros europeus em troca de um pacote de ajuda de 130 bilhões de euros fechado para garantir que o país pague suas contas e siga na zona do euro.
Nesta terça-feira, em função desse impasse de como isso poderá impactar nos negócios e principalmente no cumprimento do pacto de austeridade fiscal firmado entre as principais economias da Zona do Euro e o FMI, as principais bolsas de valores da Europa encerraram o dia no vermelho. Aqui no Brasil, a Bovespa também operou do lado negativo da tabela e o dólar chegou novamente aos R$ 2,00.
Safra 2012/13 - Apesar da firme sustentação que tem sido registradas nos vencimentos de curto prazo, nos vencimentos mais longos a soja pode apresentar novas retrações.
Ainda segundo Flávio França, uma safra cheia nos Estados Unidos e perspectivas de um expressivo incremento da safra da América do Sul na temporada 2012/13 podem limitar esse expansivo movimento de alta dos preços. Uma projeção da Oil World divulgada nesta terça-feira aponta para um aumento de 16% na colheita sulamericana no próximo ano.
De acordo com o analista, o mercado já começa a enxergar este cenário, condições confirmadas pela diferença entre as altas do vencimentos mais curtos - de mais de 20 pontos - e as dos contratos mais distantes, como a do março/13, de apenas 5 pontos.
Fonte: Notícias Agrícolas // Carla Mendes