Jesus

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quinta-feira, 8 de setembro de 2011

OCDE reduz previsão de crescimento da economia dos países mais ricos

A Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) revisou para baixo, nesta quinta-feira (8), a perspectiva de crescimento dos países do G7 - grupo que reúne as economias mais ricas do mundo -, e calcula que, à exceção do Japão, as nações do bloco crescerão no segundo semestre a um ritmo inferior a 1%.

As previsões da OCDE sobre o G7 (Estados Unidos, Japão, Canadá, Alemanha, França, Grã-Bretanha e Itália) destacam que dois desses países - Alemanha e Itália - registrarão pelo menos um trimestre de contração do Produto Interno Bruto (PIB).

No caso dos Estados Unidos, seu PIB irá progredir 1,1% entre julho e setembro e 0,4% nos três últimos meses do ano, segundo a projeção da OCDE.

O Japão ficará distante dos demais em consequência dos efeitos do terremoto de março e da posterior crise nuclear.

"O risco de um período de crescimento negativo em breve ganhou força", declarou o economista chefe da OCDE, Pier Carlo Padoan, que não descarta a possibilidade de recessão em algumas das grandes economias do planeta.

"Duvidamos, no entanto, que aconteça uma repetição da crise de 2008-2009", completou, antes de pedir uma ação dos poderes públicos.

A OCDE deseja, em especial, que os bancos centrais do G7 que ainda tenham margem de manobra reduzam as taxas de juros, para estimular o investimento e o consumo.

Também pede à zona do euro um reforço da capitalização de seus bancos e a aplicação rápida do resgate da Grécia, para frear o contágio da crise da dívida.


Fonte: g1.com

Cenário positivo para o plantio da safra de soja

Os produtores brasileiros de soja preparam-se para iniciar, na semana que vem, o plantio de mais uma safra gorda que tem tudo para ser tão remuneradora quanto a passada, quando muitos deles tiveram as melhores margens de lucro já obtidas com a oleaginosa no país.

Ainda que as incertezas sobre a economia global sejam maiores do que às vésperas da semeadura da safra passada, quando o foco estava no ritmo da recuperação mundial, e não na profundidade da recessão que se avizinha em países desenvolvidos, demanda e preços continuam firmes, no exterior e no Brasil, e vendas antecipadas já garantem bons retornos, apesar das turbulências.

Previsões iniciais de consultorias privadas sinalizam que haverá aumento na área plantada com o grão, ainda que o volume a ser colhido talvez não acompanhe a tendência por conta do clima. Não que esteja certo que a natureza vá jogar contra a produção, que tende a sofrer influência do fenômeno La Niña, mas porque na anterior ela foi generosa e proporcionou produtividades recordes.

Na safra 2010/11, segundo o último levantamento da COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO (CONAB), a área plantada nacional foi de 24,2 milhões de hectares, 3% superior a de 2009/10. A colheita alcançou o recorde de 75,3 milhões de toneladas, incremento de quase 10%.

Os cálculos mais recentes divulgados pelo Ministério da Agricultura indicam que, com esses incrementos, o valor bruto da produção (VBP, "da porteira para dentro") também baterá recorde em 2011 - R$ 54,8 bilhões, 17% mais que em 2010 -, e diversas estimativas apontam para margens agrícolas líquidas de R$ 800 e mais de R$ 1,1 mil por hectare, dependendo da região.

Nesse contexto, a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) projeta as exportações do complexo soja - inclui grão, farelo e óleo - em US$ 22,848 bilhões, um salto de 33,5% sobre 2010 e também a melhor marca da história. A soja é o carro-chefe do agronegócio brasileiro por liderar tanto o ranking das culturas de maior VBP quanto o das exportações agrícolas.

É quase consenso que esses recordes não precisam ser necessariamente repetidos para que a temporada 2011/12 seja mais um sucesso Mas é possível que eles sejam até superados, a depender do clima e da estratégia de vendas.

De acordo com a Agroconsult, a área plantada com a oleaginosa será 860 mil hectares maior no ciclo 2011/12 do que foi em 2010/11, mas a produção será um pouco menor (74 milhões de toneladas). Segundo a Safras & Mercado, o aumento da área colhida será de quase 470 mil hectares e as plantações renderão pouco mais de 75 milhões de toneladas.

Para Marcos Rubin, analista da Agroconsult, a expansão do plantio, particularmente notável no nordeste de Mato Grosso, poderia até ser maior dadas as condições de mercado, mas as atuais restrições ambientais à abertura de novas áreas limitam o movimento. Na safra 2003/04, lembra, os preços também estavam remuneradores e houve aumento de área de quase 3 milhões de hectares.

Conforme o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuaria (Imea), ligado à Famato, a federação da agricultura e pecuária do Estado, a expansão da área plantada em 2011/12 em Mato Grosso, que lidera a produção do grão no país, será pouco inferior a 220 mil hectares, para 6,6 milhões, mas alguns especialistas preveem cerca de 400 mil.

Esses mesmos especialistas observam que o avanço da soja se dará sobretudo em áreas de pastagens. Só que esse deslocamento muitas vezes acaba levando os pecuaristas mais para o norte, o que pode colaborar para o aumento do desmatamento no bioma amazônico, como já aconteceu na última década.

Conforme o Imea, a colheita mato-grossense aumentará 2,3%, para 21 milhões de toneladas, e um terço dela já está negociada, tanto para exportação quanto para o mercado doméstico. Os produtores do Estado têm tradição em vendas antecipadas, e como os preços estão elevados ela vem sendo respeitada, especialmente após os lucros da temporada passada, que também garantiram uma boa antecipação das compras de insumos como fertilizantes.

Na bolsa de Chicago, os contratos futuros de maior liquidez do grão encerraram agosto com valor médio de US$ 13,6729 por bushel (medida equivalente a 27,2 quilos), 33,8% superior ao do mesmo mês de 2010, de acordo com cálculos do Valor Data. Em algumas praças domésticas, a diferença é até mais expressiva.

Em 29 de agosto, conforme a corretora gaúcha Brasoja, o agricultor do interior do Rio Grande do Sul, terceiro maior Estado produtor do país, atrás do Paraná, recebia pela saca de 60 quilos o equivalente a US$ 30, enquanto a média da época nos últimos 30 anos é US$ 14. "A motivação do produtor é grande", diz Antonio Sartori, da Brasoja.

Ele observa que parte do atual suporte aos preços internacionais vem dos problemas climáticos que reduziram as previsões para a colheita nos EUA, único país a superar o Brasil na produção do grão. Como os estoques mundiais seguem apertados e a demanda da China continua forte - cerca de 60% das exportações brasileiras têm como destino o país asiático -, a incerteza em relação à produção dos EUA ganha ainda mais importância nesse momento.

No Rio Grande do Sul, antecipar as vendas não é a estratégia geral, mas, mesmo assim, há notícias de contratos já fechados de 2011/12. Em contrapartida, ainda resta no Estado 30% da safra passada a ser comercializada - o que, diante das cotações atuais, também se mostrou uma aposta rentável.

Sartori chama a atenção para outro indicador importante de momento do mercado. Em meados de 2008, quando as cotações da soja em grão alcançaram sua máxima histórica em Chicago, os prêmios pagos ao sojicultor gaúcho eram negativos. Na semana passada, eram positivos. A grosso modo, os prêmios "ajustam" as cotações às realidades locais de oferta e demanda.

Para as indústrias e tradings que, além de exportarem o grão diretamente, também o processam para a produção de óleo e farelo, o horizonte também é positivo. Apesar do encarecimento da matéria-prima, "ninguém fala em crise", como diz Fabio Trigueirinho, secretário-geral da Abiove. "A tendência é de crescimento do mercado, mas as exportações ainda enfrentam problemas por causa do câmbio adverso".


Fonte: VALOR ECONÓMICO -SP