O dólar abriu em forte alta nesta sexta-feira, 20, em parte seguindo a valorização externa, mas sobretudo reagindo à previsão do Relatório Trimestral de Inflação do BC de maior volatilidade e tendência de apreciação do dólar norte-americano em 2014.
O dólar à vista abriu cotado a R$ 2,3660 e por volta das 10 horas bateu a máxima de R$ 2,3820. Às 10h15, a moeda valia R$ 2,3790 (+1,235). Na BM&FBovespa, o contrato de dólar para janeiro de 2014 também estava em alta, a R$ 2,3820 (+0,80%).
O documento reforçou pontos que vinham sendo defendidos pelo BC, como a necessidade de se manter "especialmente vigilante" e que a transmissão dos efeitos das ações de política monetária para a inflação ocorrem com "defasagens". Mas as previsões de inflação feitas pela autoridade monetárias, aliadas à surpresa negativa com a prévia do IPCA de dezembro, anunciada na quinta-feira, 19, levaram os investidores a uma correção importante nas taxas do DI.
O BC voltou a falar em volatilidade no câmbio, além de acrescentar que vê uma tendência de apreciação do dólar. "O Copom avalia que a depreciação e a volatilidade da taxa de câmbio verificadas nos últimos trimestres ensejam um natural e esperado processo de correção de preços relativos, ou seja, de preços domésticos em relação a preços praticados no resto do mundo." Ele ainda diz que a "materialização desse processo se torna mais complexa pelo fato de os preços administrados, em parte de bens e serviços não comercializáveis, encontrarem-se desalinhados, em patamares baixos".
O Comitê avalia ainda que "a volatilidade dos mercados financeiros tende a reagir à publicação de novos indicadores e/ou a sinalizações feitas por autoridades que apontem para o início (ou sua iminência) do processo de normalização das condições monetárias nos Estados Unidos."
No exterior, o dólar se valoriza ante o euro, o iene e moedas commodities. O dólar voltou a atingir o seu maior nível em 5 anos frente ao iene nesta sexta-feira durante a sessão asiática, à medida que os investidores ainda assimilam a decisão do Fed de iniciar a redução de estímulos monetários aos EUA.
Vale destacar ainda o noticiário do dia. A Standard & Poor''s rebaixou o rating de longo prazo em moeda estrangeira da União Europeia para AA+, de AAA-. A perspectiva da nota é estável, após se manter em negativa desde 20 de janeiro de 2012. Na contramão do que vem acontecendo com muitos países, a S&P elevou o rating de crédito soberano de longo prazo do México, de ''BBB'' para ''BBB+'', com perspectiva estável.
Outro foco está na divulgação, logo mais, da terceira estimativa do Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre dos EUA, às 11h30; e o índice de atividade industrial regional do Fed de Kansas City referente a dezembro, às 14 horas.