Jesus

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sexta-feira, 10 de junho de 2011

Produção corre risco de ficar a céu aberto

Produção mato-grossense de milho 2ª safra corre o risco de ser armazenada a céu aberto mais uma vez. Com um volume total estimado em 30,7 milhões de toneladas de grãos nesta safra 2010/11, conforme levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a projeção é que falte espaço nos 2,123 mil armazéns cadastrados no Estado, os quais dispõem de uma capacidade estática de 27,007 milhões de toneladas.

O problema, segundo o analista de mercado da Associação de Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja/MT), Daniel Sebben, resulta da logística. "A estrutura de armazenagem já é limitada e as safras dos últimos 3 anos registraram volume muito grande, resultando em transtornos no escoamento". Afirma que não há silos para atender toda a produção do Estado e a condição logística inadequada agrava a situação. "Fica impossível retirar os grãos com agilidade, como aconteceu neste ano com a soja". Sebben lembra que em 15 dias deve ter início a colheita do milho safrinha. "Provavelmente, teremos grão armazenado à céu aberto".

Ele afirma que no ano passado, os sojicultores começaram a colheita mais cedo, entre dezembro e fevereiro, o que facilitou a retirada da safra. "Neste ano, com o atraso no plantio, a colheita se concentrou entre janeiro e março e isso prejudicou o escoamento da soja". De acordo com a Conab, neste ano houve um ligeiro acréscimo (0,90%) na capacidade estática dos armazéns estaduais em relação a 2010, consequência do aumento de 0,37% no número de silos cadastrados.

Enquanto em 2010 havia 2,115 mil unidades armazenadoras com capacidade para 26,766 milhões de toneladas de grãos, até este mês o número evoluiu para 2,123 mil unidades, adequadas para receber uma produção de 27,007 milhões de toneladas de grãos. Na opinião do gerente de operações da Conab em Mato Grosso, Charles Córdova, a disponibilidade dos armazéns é suficiente para abrigar mais do que é produzido no Estado. "Nesta safra, temos estoque de passagem e produção de milho menor que da safra anterior, além de preços melhores", analisa Córdova ao analisar que não deverá haver problema com o armazenamento e retirada do milho.

No início de 2010, o estoque de passagem do milho era de 3,3 milhões de toneladas e neste ano se mantém em 1,3 milhão (t), segundo o analista na Conab. "Tínhamos estoque e produção maiores". Mas, na avaliação do gerente de mercado da Aprosoja, apesar da confirmada redução na produção de milho, a de soja aumentou. "Serão colhidas cerca de 1,5 milhão de toneladas a menos de milho que no ano passado, mas a soja teve aumento de 1,5 milhão de toneladas", diz Sebben.

O gerente de operações da Conab afirma que a principal dificuldade encontrada no armazenamento de grãos no Estado está relacionada ao credenciamento das unidades para receber o produto do governo quando é feita a intervenção na comercialização (como ocorreu na última safra de milho). "Muitas empresas não têm interesse em estocar produtos do governo, mesmo sendo remunerados a cada 15 dias por isso". Atualmente, a Conab mantém 5 silos no Estado com capacidade para 200 mil toneladas de grãos. Córdova acrescenta que do total de 2115 armazéns registrados em Mato Grosso no ano passado, apenas 73 estavam credenciados para receber a produção comercializada pela estatal, ou seja, apenas 3,45% do total existente.

Pesquisa - Nesta semana, foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) os resultados da Pesquisa de Estoques do segundo semestre de 2010, revelando que houve acréscimo de 3,5% no número de estabelecimentos ativos, comparativamente ao primeiro semestre. No final do segundo semestre, a rede armazenadora de produtos agrícolas contava com 9,092 mil estabelecimentos ativos, dos quais 43,9% encontravam-se na região Sul, 22,9% na região Sudeste, 21,6% na Centro-Oeste, 8,3% na Nordeste e 3,3% na região Norte.

A capacidade útil dos armazéns convencionais, estruturais e infláveis somou 78,834 milhões de metros cúbicos, sendo que pouco mais de 70% estava concentrado nas regiões Sudeste e Sul.


Fonte: A Gazeta