São Paulo, 11 - O mercado inicia a semana com as atenções voltadas para a colheita da safrinha em Mato Grosso, bastante atrasada, e no Paraná, onde as lavouras foram atingidas por geadas e a qualidade do grão passou a ser um diferencial no momento da comercialização. A oferta de milho segue restrita na maioria das praças, o que dá certa sustentação aos preços, ainda que haja pressão por parte dos compradores, pois a tendência é de que a disponibilidade do produto aumente. Mesmo assim, os preços no mercado de balcão tiveram uma alta de 0,5% em sete dias, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).
No mercado de lotes, houve recuo de 1%. O indicador Esalq/BM&F, referência para a praça de Campinas (SP), encerrou a sexta-feira em R$ 30,67/saca, ante R$ 31,08/saca na sexta-feira anterior.
O mercado disponível de Mato Grosso segue sem a presença das tradings e indústrias. A média em Sorriso é de R$ 13,60/saca. Os negócios relatados na sexta-feira eram de compras de cerealistas e confinadores, que oferecem R$ 1,50/saca a mais para adquirirpequenos lotes. No Paraná, sem vendedores, os preços refletem a demanda. Na sexta-feira, a indicação já era de R$ 29/saca. Segundo um corretor, granjas estão se abastecendo com milho de Mato Grosso, a R$ 29/saca colocada na propriedade do consumidor.
A colheita do milho safrinha acelerou 13 pontos percentuais na semana passada em Mato Grosso e atingiu 27% da área estimada Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) em 1,752 milhões de hectares. Em função do atraso no plantio neste ano, provocado pelo excesso de chuvas no primeiro trimestre, a colheita está 39 pontos percentuais defasada em relação a igual período do ano passado, quando 66% dos 1,9 milhões de hectares cultivados já estavam colhidos.
Levando em conta a projeção do Imea de produtividade de 64,1 sacas por hectare, os produtores colheram até a semana passada 1,819 milhão de toneladas de milho. A produção total prevista pelo Imea é de 6,738 milhões de toneladas, volume 19,9% inferior ao produzido na safra 2009/10, que foi estimado em 8,414 milhões de toneladas. A queda se deve à redução de 10,1% na área cultivada e de 10,7% na produtividade, pois choveu demais durante o plantio e faltou na fase de desenvolvimento das lavouras.
O diretor executivo da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja/MT), Marcelo Duarte, comenta que, apesar das dificuldades enfrentadas pelos agricultores, devido às adversidades climáticas, a safra atual de milho é a melhor da história de Mato Grosso em termos de rentabilidade financeira, embora existam casos pontuais de produtores que terão problemas com a perda das lavouras semeadas mais tarde. Ele observa que o preço médio do milho em Sorriso no primeiro semestre deste ano ficou em R$ 18,66/saca, valor 2176% superior à média de R$ 6,75 registrada em igual período do ano passado.
Duarte considera normal a pressão sobre os preços durante o período de colheita, que derrubaram os preços em julho para a média de R$ 13,60/saca com base em Sorriso. Ele acredita que, ante a queda de preços, a tendência é de o agricultor priorizar a entrega do milho vendido antecipadamente, pois o levantamento do Imea mostra que 62% da safra foi comercializada até o final junho. Na opinião do dirigente, as vendas antecipadas de milho, até então inéditas em Mato Grosso, devem se manter na próxima safra, “pois é importante tanto para a trading, que garante a originação, quanto para o agricultor, que consegue gerenciar o risco”. Por isso, diz ele, já começam a surgir as primeiras sondagens para troca de milho por insumos para a próxima safra.
Em relação às perspectivas de plantio para a próxima safra, Marcelo Duarte acredita que a área deve se manter na proporção de um terço do plantio da soja, devido às limitações de algumas regiões onde é impossível o cultivo de uma segunda safra e a competição com o algodão por terras mais nobres. Ele ressalta que a situação atual é atípica, em função dos bons preços do milho no mercado internacional, e lembra que em condições normais o setor depende do apoio do governo para compensar o “deságio logístico”.
Fonte: Agencia Estado