O dólar ante o real abriu nesta quarta-feira, 19, cotado a R$ 2,1830 no balcão, em alta de 0,28%. Em seguida, a moeda norte-americana à vista testou mínimas sequenciais até cair a R$ 2,1750 (-0,09%).
No mercado futuro, às 9h31, o contrato de dólar para julho de 2013 recuava 0,21%, a R$ 2,1825, após abrir a R$ 2,1880 (+0,05%) - máxima até o momento. A mínima ficou em R$ 2,1790 (-0,37%).
O desempenho ainda discreto do câmbio reflete a lateralidade exibida pela moeda norte-americana no exterior. Os mercados em âmbito global estão em compasso de espera pelo anúncio, nesta quarta-feira à tarde, da decisão de política monetária e da entrevista do presidente do Federal Reserve, Ben Bernanke, nos Estados Unidos. A grande dúvida é sobre quando o Fed dará início à redução das compras de bônus nos EUA. Para a taxa de juros dos Fed Funds, a aposta é de manutenção nos níveis atuais historicamente baixos, de zero a 0,25% ao ano.
Apesar da cautela geral, alguns operadores de bancos e corretoras ouvidos pelo Broadcast não descartavam, mais cedo, alguma pressão sobre o câmbio interno nem a volta do Banco Central, caso a volatilidade se acentue. Há possibilidade de a agência de classificação de risco Moody''s retirar a perspectiva positiva do rating do Brasil, de acordo com a agência Reuters.
Na terça-feira, 18, o dólar à vista atingiu uma máxima, a R$ 2,1850 e o BC fez dois leilões consecutivos pela manhã no mercado futuro e vendeu US$ 4,5 bilhões em contratos de swap cambial com três vencimentos (1/8/, 2/9 e 1/10). O efeito de baixa sobre o dólar dessa injeção de liquidez, porém, durou pouco tempo. À tarde, a moeda norte-americana voltou a subir.
O gerente de câmbio de uma corretora atribuiu parte do ajuste a declarações do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, em audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos, do Senado. Tombini previu momentos difíceis e de "trepidações" no mercado mundial de câmbio por causa de ajustes do dólar em relação a outras moedas. Para ele, esse reposicionamento do mercado de câmbio pode ser um processo ainda muito longo. "Tombini corroborou expectativas de novas altas do dólar e isso pode estimular a demanda pela moeda", prevê o especialista.
De fato, o presidente do BC fez um prognóstico de continuidade de alta da moeda americana no Brasil. Ele afirmou que a atuação da autoridade monetária nesse mercado continuará, mas com o objetivo apenas de evitar mudanças bruscas de cotação, a volatilidade. Tombini salientou, porém, que apesar desse período ainda de incertezas, o mundo tende a ficar melhor no futuro do que nos últimos cinco anos. "Teremos de ver aonde isso nos levará e como se acomodará", disse. "A ação do BC é no sentido de consolidar o movimento da inflação para baixo e de mitigar os efeitos dessa depreciação, do fortalecimento do dólar em relação a várias moedas, incluindo o real", afirmou. Essa atuação, na avaliação de Tombini, fará com que o crescimento econômico do próximo semestre e o de 2014 sejam "balanceados".
Os agentes financeiros também atribuíram o ajuste de alta do dólar ontem ao avanço da moeda dos EUA no exterior, a preocupações com a economia brasileira e à busca por hedge (proteção) no mercado futuro. O dólar à vista no balcão encerrou o dia em alta de 0,23%, cotado a R$ 2,1780. Este é o maior patamar de fechamento desde 30 de abril de 2009. Já o dólar para julho fechou acima de R$ 2,18, cotado a R$ 2,1870.
Na agenda doméstica desta quarta-feira, 19, a presidente da República, Dilma Rousseff, recebeu o ministro da Fazenda, Guido Mantega, às 9h30. Mais cedo, a FGV informou que o Índice de Confiança da Indústria (ICI) apurado na prévia da Sondagem da Indústria apontou queda de 1,2% em junho em relação ao resultado de maio, atingindo 103,7 pontos, voltando a ficar abaixo da média histórica recente de 104 pontos. Essa é a menor pontuação desde julho de 2012, segundo os dados divulgados pela Fundação Getulio Vargas (FGV). A prévia de junho demonstra que o Índice da Situação Atual (ISA) cedeu 1% ante a prévia de maio, para 104,6 pontos, abaixo da média histórica recente de 105,1 pontos. Já o Índice de Expectativas (IE) caiu 1,3%, para 102,8 pontos.
Já o Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci) da indústria ficou estável na passagem de maio para junho, permanecendo em 84,6%, segundo a prévia da Sondagem da Indústria de junho, divulgada também pela Fundação Getulio Vargas (FGV). O resultado repetiu o indicador de maio e representa o maior nível desde janeiro de 2011, quando o indicador ficou em 84,7%. A prévia dos resultados da Sondagem da Indústria teve participação de 811 empresas entre os dias 03 e 14 de junho.
Diante do ambiente instável nos mercados em âmbito global, a Votorantim Cimentos anunciou que a sua oferta pública inicial (IPO) de distribuição primária e secundária de units da Votorantim Cimentos foi interrompida até o dia 11 de setembro. A companhia, que pediu a interrupção por até 60 dias úteis, disse que a operação foi adiada devido às condições adversas de mercado.
No exterior, a China informou que as importações de minério de ferro do País devem subir para um recorde de 750 milhões de toneladas métricas neste ano, com base nas tendências atuais, segundo o vice-secretário-geral da Associação de Ferro e Aço da China, Li Xinchuang, em uma conferência nesta quarta-feira. O país importou 744 milhões de toneladas de minério de ferro no ano passado. Li Xinchuang atribuiu o aumento ao contínuo desenvolvimento econômico da China, que, em grande parte, depende de aço.
Na zona do euro, a forte expansão das encomendas à indústria da Espanha, de 5,2% em abril ante o mesmo mês do ano passado, sem ajuste sazonal, ajuda a dar suporte ao euro.
Às 9h39, o euro estava a US$ 1,340, de US$ 1,3393 no fim da tarde de terça-feira, 18. O dólar estava a 94,98 ienes, de 95,32 ienes na véspera. A moeda norte-americana oscilava ante o dólar australiano (-0,16%), o dólar canadense ((-0,21%), o peso chileno (+0,30%), a rupia indiana (-0,08%), o peso mexicano (-0,06%) e o dólar neozleandês (-0,18%).
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