A elevação da produtividade e o câmbio favorável às exportações deverão garantir uma renda "razoável" para os produtores de soja do Brasil em 2014, mesmo com a queda nas cotações internacionais e custos maiores com alguns insumos, avaliou nesta terça-feira a consultoria Agroconsult.
"Essa combinação tem permitido para a soja uma renda razoável. Quando comparada a 2013, não vamos ter uma perda significativa de patamar de renda em reais", disse o sócio-diretor da Agroconsult, André Pessôa, em conferência de imprensa.
Ele projeta que a soja caia para 12 a 12,5 dólares por bushel em Chicago nos próximos meses, com o avanço da colheita na América do Sul.
Nesta terça-feira, o primeiro contrato de Chicago fechou a 13,39 dólares por bushel.
"Confirmados esses números bastante elevados para a safra brasileira e para a safra argentina, a gente deve ter uma acomodação dos preços no mercado internacional", avaliou.
Os custos com insumos também pressionam os produtores nesta safra. A presença da lagarta exótica Helicoverpa armigera e um clima favorável para o fungo da ferrugem asiática têm obrigado os produtores a aumentarem o número de aplicações de defensivos.
Em Mato Grosso, por exemplo, os custos com defensivos saltaram 80 por cento, de 344 reais para 620 reais por hectare desde a última safra, segundo o Instituto de Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).
Por outro lado, lembra André Pessôa, o câmbio deverá ajudar a elevar os preços da soja em reais, ao mesmo tempo que se colherá um maior volume por hectares.
A pesquisa Focus do Banco Central, com agentes do mercado, indica que o dólar deve registrar trajetória de alta ao longo de 2014, fechando o ano em 2,45 reais, contra 2,35 reais nesta terça-feira.
"Você tem uma redução na rentabilidade, mas o volume de reais auferidos por hectare não vai cair muito", disse o consultor.
A Agroconsult estimou nesta terça-feira que o Brasil vai produzir 91,6 milhões de toneladas de soja na atual temporada 2013/14, que está começando a ser colhida, contra 82,2 milhões estimados para a temporada passada.
Apesar de um aumento de área, que deve atingir 29,71 milhões de hectares, o volume colhido cresce mais, devido a uma melhora de 4 por cento na produtividade média do país, para pouco mais de 3 toneladas por hectare.
A consultoria avaliou que a condição atual das lavouras está melhor ou igual ao ano passado em grande parte das regiões produtoras do país, exceto por uma faixa que vai do sul de Mato Grosso do Sul ao sul de São Paulo, prejudicada pelo clima.
"A regularização das produtividades em patamares mais altos ajuda a compor a renda", disse Pessôa, sem dar detalhes sobre os índices de rentabilidade que espera para a atual temporada.
(Por Gustavo Bonato)
Fonte:agrolink
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