Cerca de três quartos da safra do Brasil, estimada em um recorde acima de 80 milhões de toneladas, já foram colhido
As exportações de soja do Brasil deverão encerrar este mês com
forte crescimento na comparação com março deste ano e ante abril de
2012, apesar da logística deficitária do país e dos problemas com a nova
lei dos caminhoneiros, devido à chegada de maiores volumes aos portos
em meio à grande demanda internacional pelo produto, disseram
especialistas nesta segunda-feira.
Em março, as exportações de soja do Brasil foram as maiores desde
junho de 2012, mas poderiam ter sido ainda mais expressivas não fossem
as dificuldades para escoamento, como estradas congestionadas e o tempo
chuvoso, que interrompe as operações portuárias.
Uma nova lei que regulamenta a profissão de caminhoneiros, exigindo
um período maior de descanso dos motoristas, também reduziu a oferta de
veículos para transportar o produto, o que impactou no fluxo de
escoamento da nova safra, que começou com estoques baixos após a quebra
pela seca na temporada anterior.
Além disso, em março o milho atipicamente concorreu com a soja por
espaço nas operações de embarques, outro fator que limitou as
exportações. Somente em março o Brasil exportou 1,6 milhão de toneladas
de milho, ante 3,5 milhões de toneladas de soja.
“A gente espera que (abril) seja um pouco acima do ano passado, vai
ter muita soja disponível, só que temos esse problema enorme de
logística, um enorme gargalo, vamos ter que usar toda a nossa logística
em função da soja”, disse o operador de commodities do BES Securities,
Leandro Bovo.
No entanto, segundo Bovo, o gargalo impede exportações de volumes
muito maiores do que os registrados em abril do ano passado. Naquele
mês, o Brasil exportou 4,4 milhões de toneladas de soja.
Com uma redução nas exportações de milho, depois de embarques
volumosos nos primeiros anos do ano, a soja deverá voltar a ocupar sua
participação preponderante nas vendas ao exterior.
“A gente acha que o milho deve diminuir sensivelmente a exportação,
uma tonelada de soja vale, grosso modo, duas vezes o milho. Sempre a
preferência é para a soja”, disse, acrescentando que houve muito milho
originado em dezembro que teve embarques postergados de janeiro para
fevereiro e depois março, atrapalhando as exportações da oleaginosa.
Já o analista Aedson Pereira, da Informa Economics FNP, chamou a
atenção para a questão do fluxo de soja para os portos, em função da lei
dos caminhoneiros, que deverá ter seu impacto minimizado em abril, com a
colheita mais perto do seu final.
Cerca de três quartos da safra do Brasil, estimada em um recorde acima de 80 milhões de toneladas, já foram colhidos.
“Esse problema é minimizado com a colheita da soja mais avançada”, declarou Pereira, referindo-se à nova lei.
Ele acredita que em abril os volumes exportados serão bem maiores e o
país poderá bater recordes de exportação mensal em maio, com os portos
devidamente abastecidos e sem as interrupções nos embarques em função da
chuva, já que nesses meses há uma tendência da redução das
precipitações.
“É bem capaz que daremos uma estilingada, conseguiremos mandar um
volume significativo, tem na programação do line up praticamente 7
milhões de toneladas”, disse ele, apontando para a grande fila de navios
programados para atracar nos portos brasileiros e carregar soja.
Fonte: Roberto Samora
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