SÃO PAULO - O Chipre e os sinais de fraqueza na
zona do euro minam a disposição por risco dos investidores, dando combustível
para o dólar subir ante o euro e as moedas ligadas a commodities. A Itália
também traz temores, diante do impasse no cenário político e do aumento do
custo observado em leilão de títulos. A moeda norte-americana, que registrou
ontem ganhos ante o real no fechamento, deve prosseguir sua trajetória de alta,
acompanhando o humor no exterior. O mercado está atento, ainda, à reunião dos
Brics, em Durban, na África do Sul, onde estão a presidente Dilma Rousseff, o
presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, e o ministro da Fazenda, Guido
Mantega.
Às 9h26, o dólar à vista no balcão sobe 0,25%, a R$
2,022, na mínima. O dólar futuro para abril subia 0,15%, a R$ 2,0215. Ontem, a
alta da moeda americana foi impulsionada pelo ministro interino da Fazenda,
Nelson Barbosa, que disse que a flutuação do câmbio é muito pequena para causar
alguma mudança no índice inflacionário, o que levou o dólar à vista a fechar em
R$ 2,017 (+0,20%) no balcão. No mercado futuro, o contrato da moeda que vence
em 1º de abril de 2013 terminou a R$ 2,0185 (+0,20%).
Na Europa, o Índice de Sentimento Econômico da zona
do euro caiu para 90,0 em março, de 91,1 em fevereiro, na primeira queda desde
outubro do ano passado, e ligeiramente pior do que a expectativa de economistas
de queda para 90,5. A percepção sobre a economia do bloco único piorou mais na
França, Alemanha e Espanha. Aliás, na França, a segunda maior economia da zona
do euro, o Produto Interno Bruto (PIB) contraiu 0,3% no quarto trimestre do ano
passado, em relação ao trimestre anterior, mas veio dentro do esperado.
Na Itália, o governo vendeu um total de 6,91
bilhões de euros em bônus em um leilão nesta manhã, pagando o custo mais alto
desde outubro do ano passado sobre os papéis de cinco anos. No front político,
fracassou a tentativa do líder do Partido Democrático da Itália, Pier Luigi
Bersani, de formar uma aliança de governo.
E o Chipre segue sem certezas em relação ao seu
futuro, colocando em xeque também o futuro da zona do euro. O ministro das
Finanças de Chipre, Michalis Sarris, disse que os maiores correntistas do Banco
Popular de Chipre, ou Laiki Bank, o maior do país, poderão sofrer perdas de até
80% de seus depósitos com o fechamento do banco. Se haverá corrida para saques
de dinheiro, só se saberá amanhã, com a reabertura das instituições.
Autoridades europeias continuam tentando consertar
o estrago causado pelas declarações feitas pelo presidente do Eurogrupo, Jeroen
Dijsselbloem, que disse no início da semana que o resgate do Chipre serviria de
modelo para lidar com crises no futuro. Em documento, o Grupo de Trabalho do
Eurogrupo afirma que o Chipre não é um "modelo" sobre como lidar com
crises futuras. O próprio Dijsselbloem voltou atrás e disse ontem que a ilha
não representa modelo para futuros resgates. Em seu blog, o Prêmio Nobel de
Economia Paul Krugman foi categórico: "O Chipre deve deixar o euro. Agora."
No Brasil, o IGP-M desacelerou para 0,21% em março,
de alta de 0,29% em fevereiro, mas isso não deve mexer com o mercado de câmbio.
O resultado ficou abaixo da mediana prevista pelas casas ouvidas pelo AE
Projeções, de +0,30%, mas dentro do intervalo previsto de +0,16% a +0,40%. Na
agenda doméstica de hoje, está previsto o resultado primário do Governo Central
(Tesouro, Banco Central e Previdência) referente a fevereiro.
Perto das 9 horas, o euro caía a US$ 1,2766, de US$
1,2861 no fim da tarde de ontem. O dólar caía a 94,16, de 94,45 ienes no fim da
tarde de ontem. O Dollar Index (DXY) subia 0,40%, a 83,216.
O dólar caía em relação às moedas ligadas a
commodities, com exceção da rupia indiana: dólar canadense (+0,31%); dólar
neozelandês (+0,46%); dólar australiano (+0,48%); lira turca (+0,40%); rand
sul-africano (+0,69%); rupia indiana (-0,08%); rublo russo (+0,25%).
Estadão PME -
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