Nesta segunda-feira (27), depois de uma sessão de bastante volatilidade, os futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago fecharam o dia no vermelho. Os preços recuaram pressionados por mais um movimento de realização de lucros e terminaram a sessão com baixas de dois dígitos.
O mercado internacional parece ter tirado uma "pausa para respirar" após as intensas altas das últimas semanas e até mesmo desta segunda, quando no início do dia as cotações subiram mais de 15 pontos e o vencimento novembro/12 bateu uma nova máxima histórica de US$ 17,60 por bushel.
"A baixa dessa sessão é saudável e deve ser vista como oportunidade de compra para o médio prazo", disse Pedro Dejneka, analista de mercado da PHDerivativos, direto de Chicago.
Além disso, a correção dos preços, de acordo com Dejneka, acontece por conta de um baixo volume de operações que acabou fazendo com o mercado não fosse capaz de sustentar seus ganhos. "Os mercados não sobem em linha reta. As baixas ainda serão compradas, mas o mercado precisa respirar depois das altas de 11% das últimas três semanas no contrato novembro".
Paralelamente a esse movimento de liquidação por parte dos fundos - que assumem uma posição cada vez maior no mercado -, outro fator que pressionou as cotações em Chicago foi o recuo dos prêmios no mercado interno norte-americano.
Temendo a proximidade da tempestade tropical Isaac e os estragos que poderia causar, alguns armazéns no estado de Louisiana, ou próximos do Golfo, nos EUA, estariam paralisando suas atividades por alguns dias e isso teria pesado sobre o mercado interno, provocando uma baixa nos prêmios e refletindo nos preços na CBOT.
"Por medidas de segurança, essas empresas fecham as portas e assim se fica com menos armazéns para alocar a soja e o milho que vão começar a ser colhidos nos EUA, e isso acabou pressionando os prêmios de físico, e por consequência pressionou os preços em Chicago", disse Vinícius Ito, analista de mercado da Jefferies Bache, de Nova York.
Para Ito, o recuo da soja nesta segunda-feira foi pontual, haja visto que o cenário fundamental ainda é bastante positivo para a oleaginosa. O principal foco dos investidores continua sendo a delicada situação da oferta mundial de soja. As perspectivas sobre a disponibilidade da oleaginosa é de um potencial limitado e isso mantém o mercado sustentado, principalmente frente a uma demanda bastante aquecida.
Segundo o analista, os altos preços da soja ainda não estão sendo capazes de provocar um racionamento da demanda e, por isso, devem continuar subindo. Os valores historicamente altos não estão contendo a procura pela commodity nem no mercado externo, quanto no interno. Sobre os embarques de soja dos Estados Unidos, Ito explica que, no acumulado do ano, os EUA já embarcaram 100% das estimativas do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) para este ano.
"Até a próxima semana, vai sair mais um número de exportação referente a safra velha (2011/12) que deveria ultrapassar, em termo de embarque, o USDA. E o USDA será forçado a aumentar suas estimativas para exportação da safra velha, reduzindo ainda mais os estoques de passagem e, portanto, os estoques gerais nos Estados Unidos", diz.
Na esteira da soja, o milho e o trigo também fecharam em queda nesta segunda-feira na Bolsa de Chicago. Os grãos também realizaram lucros e, segundo analistas, no caso do milho, o desempenho ruim dos embarques semanais e das baixas nos mercados vizinhos.
Fonte: Notícias Agrícolas // Carla Mendes
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