Após fechar acima de R$ 3,60 na véspera, o dólar opera com instabilidade e avança nesta quarta-feira (26), chegando aos maiores níveis em mais de 12 anos, após números fortes sobre a economia dos Estados Unidos, que alimentaram as apostas de que os juros podem subir lá ainda neste ano, enquanto no cenário doméstico persiste a apreensão com a crise política
"O mercado está repleto de incertezas. Nesse cenário, um dado forte (nos EUA) como o de hoje faz bastante estrago", disse o gerente de câmbio da corretora Treviso, Reginaldo Galhardo.
As encomendas de bens de capital, uma medida dos planos de investimentos das empresas norte-americanas, registrou em julho o maior aumento em pouco mais de um ano, ressaltando a durabilidade da recuperação econômica apesar da desaceleração da economia global.
Investidores vêm colocando em dúvida a possibilidade de o Federal Reserve dar início ao aperto monetário ainda neste ano em meio à intensa volatilidade financeira, desencadeada pelo tombo das bolsas chinesas. Os números desta manhã, no entanto, alimentaram expectativas de que isso pode acontecer em 2015, o que pode atrair para os EUA recursos aplicados em países como o Brasil.
Cenário doméstico
No Brasil, o quadro político conturbado também pesava sobre o ânimo dos investidores após a maioria dos ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) votar na véspera pela continuidade da ação que pede a cassação da presidente Dilma Rousseff. Incertezas sobre a possibilidade de ela não terminar seu mandato têm provocado intensa pressão sobre os mercados financeiros locais.
A volatilidade no mercado de câmbio era acentuada também porque investidores se questionavam sobre a possibilidade de o Banco Central aumentar sua intervenção no câmbio para atenuar o avanço do dólar, que tende a pressionar a inflação.
"Na última vez em que o dólar subiu com tanta força, o BC agiu, mas agora está dando de ombros", disse o operador de uma corretora nacional, sob condição de anonimato.
Mais tarde, o Banco Central dará continuidade à rolagem dos swaps cambiais que vencem em setembro, com oferta de até 11 mil contratos, equivalentes a venda futura de dólares.
China cai e Europa reage mal
A Bolsa de Xangai, na China, voltou a fechar em queda nesta quarta-feira (26), com perda de 1,27%, mesmo após a China cortar a taxa de juros após fortes perdas e queda de mercados em todo o mundo. Na terça (25), as perdas foram de 7,63%, e na segunda (24), a queda foi mais brusca: 8,5%.
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