Os preços da soja voltaram a subir na Bolsa de Chicago no final da manhã desta quarta-feira (8) e, por volta das 11h40 (horário de Brasília), as posições mais negociadas subiam mais de 10 pontos e as duas primeiras já recuperavam o patamar dos US$ 10,00 por bushel.
O mercado vinha tentando consolidar uma recuperação depois das baixas registradas nas últimas sessões, as quais foram intensificadas, principalmente, pelas notícias negativas vindas do mercado financeiro internacional.
"A queda da soja nesses últimos dias tem mais a ver com o nervosismo do financeiro e a alta do dólar index frente a uma cesta de moedas, o que tira as atividades das commodities de um modo geral. E eu não acredito que isso vá continuar, com a possibilidade de uma recuperação em Chicago", explica Márcio Genciano, consultor de mercado da MGS Rural.
As preocupações no quadro macroeconômico internacional continuam chegando, já impactam em um dólar ultrapassando os R$ 3,20 na sessão desta quarta-feira e o foco permanece mantido na situação da crise grega e nas especulações sobre a economia da China. Porém, novas previsões climáticas divulgadas hoje mostram mais e novas chuvas para o Meio-Oeste americano, indicando adversidades mais severas do que as últimas projeções.
E essa alta do dólar reflete bem, principalmente, na formação dos preços no Brasil. Nesta quarta, por volta de meio-dia (Brasília), a soja disponível valia R$ 73,00 e a futura R$ 74,00 por saca no porto de Paranaguá. Em Rio Grande, esse valores eram de R$ 75,30 e R$ 76,40, respectivamente.
De acordo com informações do agrometeorologista e analista de mercado do site internacional DTN, Bryce Anderson, "mais chuvas estressantes e severas são esperadas para porção leste do Meio-Oeste dos EUA. E essas são os principais itens de atenção dos traders nesta quarta-feira". Os mapas a seguir mostram que no período de 8 a 15 de julho, as chuvas em estados como Missouri, Illinois e Indiana, os acumulados podem variar de 50,8 a 101,6 mm
Previsão de Chuvas nos EUA de 8 a 13 de julho - Fonte: NOAA
Previsão de Chuvas nos EUA de 8 a 15 de julho - Fonte: NOAA
Anderson afirma ainda que as últimas previsões da DTN alertam para uma nova "rodada" de chuvas fortes no leste e sul do Meio-Oeste nos próximos dois dias. "Essa umidade excessiva é desfavorável para as culturas de verão neste momento, uma vez que promove a incidência de doenças e compromete o bom desenvolvimento das plantas. Enquanto isso, as condições de tempo muito chuvoso prejudicam ainda a colheita do trigo de inverno e do soft", explica o agrometeorologista.
De acordo com as últimas informações do site internacional Farm Futures, os mapas dos próximos sete dias divulgado nesta quinta pelo NOAA - departamento oficial de clima do governo dos EUA - mostra que essas chuvas fortes se estendem do leste do Texas até o vale do rio Ohio, trazendo acumulados de precipitações bastante elevados para áreas que já estão muito úmidas.
Os futuros da soja são quem lidera a recuperação nesta sessão e, complementando as informações de clima, há ainda o reposicionamento dos fundos e notícias vindas da demanda, com sinalizam os analistas internacionais. "A soja lidera a alta entre os grãos com força também nas compras de farelo de soja", diz Todd Hultman, analista de grãos do DTN.
Além disso, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) anunciou hoje uma nova venda de soja dos EUA nesta quarta-feira (8). Foram 240 mil toneladas da safra 2015/16 e o destino, porém, não foi revelado.
Paralelamente, o mercado trabalha ainda com as expectativas para o boletim mensal de oferta e demanda que o departamento agrícola norte-americano traz nesta sexta-feira, 10 de julho e a espera é, principalmente, para conhecer a postura dos USDA sobre os impactos das adversidades climáticas na safra 2015/16 com os números que serão revelados.
Segundo Bryce Knorr, analista de mercado do portal internacional Farm Futures, "os traders têm expectativas altistas, mas frágeis, para o relatório desta sexta. Enquanto o USDA poderia reduzir os estoques finais da safra velha, o corte pode vir modesto - na casa de 30 milhões de bushels (820 mil toneladas). Da mesma forma, poderiam ser reduzidos ainda - e também de forma tímida - os estoques da safra nova, em algo perto de 25 milhões de bushels (680 mil t)".
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