Na sessão desta quinta-feira (25), os futuros da soja fecharam o dia com expressiva alta na Bolsa de Chicago. Entre as posições mais negociadas, as cotações encerraram os negócios com ganhos de 18,50 a 22,25 pontos, o julho/15 valendo US$ 10,00 por bushel e o novembro/15, referência para a safra americana, cotado a US$ 9,77 por bushel.
As adversidades climáticas nos Estados Unidos e o reposicionamento dos fundos de investimento são, segundo explicam os analistas, os principais fatores de estímulo às cotações nesse momento. E o quadro ainda deve trazer muita volatilidade e nervosismo ao mercado futuro da oleaginosa.
No Brasil, o dia também foi muito positivo para os preços. As altas em Chicago vieram aliadas a um fechamento positivo do dólar frente ao real - que recuperou casa dos R$ 3,10 - e deu novo fôlego às cotações, principalmente nos portos do país.
Em Rio Grande, a soja disponível subiu 1,42% para encerrar o dia valendo R$ 71,50 pro saca, enquanto o produto futuro - entrega maio/16 - registrou uma alta de 1,63% em relação à esta quarta (24) e fechou com R$ 74,90 por saca. No entanto, ao longo dos negócios, essa referência passou dos R$ 75,00. Em Santos, a soja disponível terminou o dia com R$ 70,20 e ganho de 0,29%.
Já em Paranaguá, as altas para a oleaginosa disponível foi ainda mais expressiva - de 3,62% - subindo para R$ 71,50 por saca, enquanto a soja da nova safra avançou 0,69%, para R$ 72,50.
No interior do país, porém, as cotações apresentaram estabilidade na maior parte das principais praças de comercialiazação pesquisadas junto às cooperativas e sindicatos rurais. Entretanto, em algumas área do Rio Grande do Sul e do Paraná, os preços já buscam uma aproximação dos R$ 60,00 por saca, como por exemplo Não-Me-Toque/RS, onde o último preço foi de R$ 59,50.
Clima nos EUA
Depois de algumas sessões operando com estabilidade e movimentos técnicos, os preços da soja voltaram a ganhar força na CBOT com novas e fortes precipitações aparecendo novamente nas últimas horas e nas novas previsões climáticas.
Somente nesta sexta-feira (26) e final de semana, alguns estados como Iowa, Illlinois e Indiana podem receber mais de 100 mm de chuvas, segundo afirma Camilo Motter, analista de mercado e economista da Granoeste Corretora de Cereais, após, nos últimos dias, as previsões trazerem condições mais amenas e uma diminuição no voluime dessas precipitações.
"A intensificação das chuvas no Meio-Oeste americano foi uma surpresa desagradável para os trabalhos de campo da nova safra dos estados Unidos, mas muito favorável para os preços", afirma explicando que esse ainda é o dado mais importante para o direcionamento das cotações na Bolsa de Chicago.
As informações que partem do Serviço Nacional de Meteorologia - o NOAA - indicam que nos períodos dos 6 a 10 e 8 a 14 dias, o clima deverá continuar úmido e com temperaturas mais amenas. No período de 30 de junho a 4 de julho, as chuvas para o Corn Belt devem ficar de 33% a 50% acima da média para a época e, de 2 a 8 de julho, esses índices ficam de 33% a 40%, como mostram os mapas a seguir.
E essas condições são observadas com ainda mais cautela diante de um percentual de área de soja a ser semeada nos Estados Unidos que, até o último domingo (21), era de 10%, de acordo com o boletim de acompanhamento de safras divulgado pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) nesta segunda-feira (22).
O atual cenário não permite um desenvolvimento considerável dos trabalhos de campo e poderia fazer ainda com que o índice de lavouras de soja em boas ou excelentes condições - hoje em 65% - caísse novamente, como já aconteceu na semana passada, e aumentasse o total de plantações em situação ruim ou muito ruim, atualmente em 8%.
"O mercado estaria tentando antecipar algumas dessas informações", explicou Motter.
Assim, esse quadro é acompanhado com ainda mais cautela e ansiedade à medida em que os traders aguardam pelo boletim que o USDA traz na próxima terça-feira, 30 de junho, sobre a área de plantio dessa nova safra.
Para Ênio Fernandes, consultor em agronegócio, os números poderiam vir menores tanto para a soja quanto o para o milho. "Essas 'novas' chuvas aparecem em um momento em que não poderia aparecer. Então, até o próximo dia 30, ainda vamos ver muita volatilidade e nervosismo no mercado em Chicago", acredita. "Na terça-feira poderemos ver um caminho mais bem definido para os preços. Até lá, o mercado continua muito bem encaixado entre os US$ 9,00 e US$ 10,00 por bushel", completa.
Como resumiu o analista de mercado Bob Burgdorfer, do site americano Farm Futures, "os futuros da soja subiram para suas máximas em quatro meses a medida em que o clima chuvoso nos EUA ameaça a conclusão da área a ser plantada e compromete os campos que já foram plantados".
Previsões mais alongadas
As previsões mais alongadas - para os próximos 30 a 90 dias - também indicam um tempo ainda mais chuvoso e com temperaturas mais baixas do que o normal para o período em determinados estados do Centro-Oeste, de acordo com informações do site internacional de meteorologia The Weather Channel, também baseadas nos dados do NOAA.
EUA - Previsão para 30 dias de temperaturas e chuvas - Fontes: NOAA e Weather Channel
EUA - Previsão para 90 dias de temperaturas e chuvas - Fontes: NOAA e Weather Channel
Reposicionamento dos Fundos
Ao mesmo tempo em que acompanham o comportamento do clima nos Estados Unidos, os fundos de investimento - que estavam com boas e elevadas posições vendidas no mercado - estão se reposicionando e se ajustando antes da chegada dessas informações importantes a serem divulgadas no final de junho.
Ainda de acordo com o portal Farm Futures, os fundos compraram cerca de 10 mil 'posições' em soja nesta quinta-feira após terem vendido 3 mil na sessão anterior.
"Com base nesses fundamentos (climáticos), os fundos estão comprando", afirma Camilo Motter.
Números do USDA
Nesta quinta-feira, também, o mercado recebeu as informações do USDA sobre as vendas semanais de soja para exportação dos EUA. Apesar de terem ficado abaixo do esperado, os números ainda são positivos e seguem indicando e confirmando a força da demanda pela soja norte-americana, ainda segundo os analistas.
Na semana que terminou em 18 de junho, as vendas de soja, entre as safras velha e nova, somaram 321,3 mil toneladas, contra 665 mil da semana anterior. O número ficou também abaixo da expectativa média do mercado, de 660 mil toneladas. Foram 118,8 mil toneladas da safra 2014/15 e mais 202,5 mil da 2015/16.
No acumulado do ano comercial atual, as vendas norte-americanas já somam 50.514,9 mil toneladas, enquanto a última projeção do USDA aponta para exportações totais de 49,26 milhões. No ano passado, nesse mesmo período, as vendas eram de 45.475,4 milhões de toneladas.
Complexo Soja - No caso do farelo de soja, as vendas semanais somaram 316,9 mil toneladas, contra 176,3 mil da semana anterior. Da safra velha foram vendidas, na semana que terminou em 18 de junho, 106,3 mil toneladas e da nova mais 210,6 mil. Assim, o total de vendas no acumulado do ano comercial 2014/15 passa a 10.934,2 toneladas, frente às 9.730,6 milhões do ano anterior e às 11,52 milhões projetadas pelo USDA para esta temporada.
O boletim informou ainda que as vendas semanais para exportação de óleo de soja dos EUA foram de 14 mil toneladas, positivas em relação ao cancelamento de 20 mil da semana anterior. Foram 9,5 mil da safra velha e mais 4,5 mil da safra nova. No acumulado da temporada 2014/15, as vendas americanas do derivado já chegam 750,3 mil toneladas frente ao esperado pelo USDA de 860 mil.
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