Os preços da soja recuaram
expressivamente na Bolsa de Chicago nesta quinta-feira (25) e encerraram a
sessão regular com perdas entre 12,25 e 14 pontos. Entre os vencimentos mais
negociados, o novembro fechou o dia valendo US$ 9,22 por bushel, enquanto o
maio/15 ficou em US$ 9,47.
"Há
um retorno às boas notícias sobre a produção nos Estados Unidos", disse o
economista e analista de mercado Camilo Motter, da Granoeste Corretora,
referindo-se à pressão ainda muito severa que o bom andamento da nova safra
exerce sobre as cotações no mercado futuro norte-americano.
A
colheita de soja caminha a todo vapor no Meio-Oeste americano e começa, agora,
a se intensificar em dois dos maiores produtores do país que são Iowa e
Illinois. Mais ao sul do Cinturão, os trabalhos de campo estão bem adiantados e
os relatos de produtividade continuam trazendo números bastante significativos.
E para
a continuidade do bom andamento da colheita as
previsões indicam mais dias de condições favoráveis. Para os próximos cinco
dias espera-se um tempo ainda quente e seco, o que deve contribuir também para
a maturação das lavouras e a conclusão do ciclo produtivo da oleaginosa.
"O
clima muito favorável fortalece a ideia de que veremos um significativo avanço
da colheita entre essa semana e a próxima. A demanda também está chegando aos
preços, mas a oferta ainda
está no foco", disse o diretor da consultoria Archer Financial Services,
Greg Grow à agência internacional Bloomberg.
O novo levantamento
do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) sobre o andamento dos
trabalhos de campo deverá ser divulgado na próxima segunda-feira (29) às 17h
(Brasília), depois do fechamento do pregão. Até o último domingo (21), já havia
sido colhida 3% da área cultivada com a oleaginosa nos EUA.
Camilo Motter
Demanda
forte
Do lado
oposto, a demanda segue se mostrando forte e crescente. Apesar disso, essa
força ainda não tem sido suficienta para estimular ganhos consistentes aos
preços praticados na CBOT. "A demanda está muito boa, mas ainda comedida
(...) e vai ter que correr atrás para poder alcançar o aumento da oferta",
acredita Camilo Motter.
Nesta
quinta, o USDA trouxe um novo boletim semanal de vendas para
exportação e os números para a soja vieram bem acima do registrado na semana
anterior, somando 2.565,5 milhões de toneladas, contra 1.466,6 milhão da semana
anterior.
Com
isso, o acumulado na temporada foi elevado para 28.030,5 milhões de toneladas,
frente à última estimativa do órgão para toda a temporada de 46,27 milhões de
toneladas.
Além do
boletim, o USDA divulgou ainda uma venda de 115 mil toneladas de soja da safra
2014/15 para a China. Até o momento, a nação asiática já adquiriu, da safra
norte-americana, 16,041 milhões de toneladas.
América
do Sul
Aos
poucos, o mercado internacional passa a voltar sua atenção também para o início
do plantio na América do Sul, principalmente no Brasil, onde os trabalhos de
semeadura já começaram com a chegada das boas chuvas dos últimos dias.
Os
últimos números do Deral (Departamento de Economia Rural) do estado do Paraná
indicavam que o plantio da oleaginosa já havia sido feito em 7% da área e, de
acordo com informações do Imea (Instituto Mato-grossense de Economia
Agropecuária) esse número no estado é bem mais tímido e ainda não chega a 1%.
Segundo
lideranaças do setor e produtores rurais, o plantio realmente já começou,
porém, ainda se espera um volume maior e uma melhor regularidade dessas
precipitações para aumentar o ritmo do processo.
"Esse
é o segundo round do mercado, a safra sulamericana. Os dados fundamentais são
esssenciais, bem como o comportamento do clima aqui no Brasil e, por isso, é
tão difícil de sabermos para onde os preços vão nesse momento".
Ainda
segundo informações do Imea, divulgadas no boletim semanal da instituiçao
"com um custo total desta safra de R$ 2.404,47/ha, perdas ou possibilidade
de ressemeadura não são algo que o produtor deseja e nem pode pensar em ter.
Hoje, com este custo e produtividade média aguardada em 52,4sc/ha, os preços de
paridade para março/15 próximos a R$ 37,50/sc tornam a lucratividade desta
safra inexistente. A estes preços apenas o custo com os insumos de R$
1.458,71/ha poderia ser pago. Os produtores aumentarão o ritmo da semeadura a
partir de outubro, com expectativa de que as chuvas aumentem. Caso esta
previsão não se confirme, a semeadura pode apresentar atraso devido aos receios
de elevação no custo de produção em caso de possíveis perdas que impliquem
gastos extras".
Comercialização
A
comercialização segue parada. As vendas antecipadas da nova safra não estão
acontecendo e o produtor brasileiro aguarda melhores oportunidades de negócios,
embora os preços praticados atualmente ainda sejam remuneradores.
Entreos
fatores que poderiam favorecer uma melhor formação de preços no mercado interno
está uma taxa de câmbio mais alta e prêmios, os quais seguem positivos nos
portos brasileiros. No porto de Paranaguá, por exemplo, para os vencimentos
abril e maio/15 os valores são, respectivamente, de 58 e 60 centavos de dólar
acima dos valores praticados em Chicago.
Paralelamente,
o dólar subiu quase 2% nesta quinta-feira e chegou a bater nos R$ 2,43 durante
a sessão. No fechamento, porém, a moeda norte-americana ficou em R$ 2,4299 na
venda, refletindo a cena exterior e os resultados atuais da corrida
presidencial.
"Investidores
compravam a moeda norte-americana em busca de proteção cambial antes da
divulgação de novas pesquisas eleitorais nesta semana. Além disso, muitos
testavam a tolerância do Banco Central à recente pressão no câmbio, que
alimenta ainda mais a inflação", informou a agência de notícias Reuters.
Assim,
com o dólar e os prêmios compensando a forte queda registrada em Chicago, os
preços da soja no Brasil permaneceram estáveis na maior parte das praças de
comercialização do interior do país e no porto de Paranaguá, onde o valor se
manteve em R$ 56,00 por saca. Já no porto de Rio Grande, a oleaginosa registrou
uma valorização de 1,79% e encerrou os negócios a R$ 57,00.
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