Os associados da Coamo, maior cooperativa agrícola do Brasil, com sede em Campo Mourão (PR), deverão aumentar a área plantada com soja em 8,4 por cento na safra 2014/15 que começa a ser plantada em menos de um mês, para 2,3 milhões de hectares, com o oleaginosa avançando em áreas antes ocupadas pelo milho.
"O Paraná está com suas fronteiras agrícolas praticamente todas abertas. O que aumenta na soja reduz no milho. Um entra no lugar do outro", disse o presidente da cooperativa José Aroldo Gallassini, em entrevista à Reuters.
O cereal vai ocupar uma área de 151 mil hectares neste verão nas áreas de cooperados da Coamo, queda de 9 por cento ante a safra passada.
O avanço da soja ocorre também em áreas pastagens e de outras culturas, além do milho, acrescentou a assessoria de imprensa da cooperativa.
A Coamo é a cooperativa com maior receita no país, faturando 8,2 bilhões de reais no ano passado. A cooperativa, com 26 mil associados, recebeu 6,8 milhões de toneladas de produtos agrícolas em 2013, quase 4 por cento de toda a safra brasileira de grãos.
A empresa atua também em Santa Catarina e em Mato Grosso do Sul, mas a maior parte de suas atividades está concentrada no Paraná, segundo maior Estado produtor de grãos do país.
A Coamo não informou sua estimativa de produção para a safra 2014/15, que começa a ser plantada oficialmente em 15 de setembro, após o fim do vazio sanitário contra o fungo da ferrugem.
Segundo Gallassini, a troca de milho por soja ocorre devido à queda acentuada nos preços do cereal e à um patamar ainda rentável para a oleaginosa.
"A rotação de cultura com a soja é importante, e o produtor tem consciência disso, mas se o preço não for interessante ele não planta (milho)", afirmou.
Os preços do milho no mercado físico brasileiro estão perto da menor cotação em quatro anos, acompanhando as cotações internacionais, pressionadas por grande oferta global.
DESAFIO DE LOGÍSTICA
Além do milho, também a soja recuou em meses recentes. O primeiro vencimento na bolsa de Chicago está perto do menor patamar desde dezembro de 2011, influenciado pela perspectiva de uma grande safra norte-americana a ser colhida nos próximos meses.
Esta queda de preços, que se reflete diretamente nos preços praticados no Brasil, deve impor um grande desafio para a cadeia logística e para a comercialização no Paraná nos próximos meses, disse Gallassini.
"O produtor teve um comportamento bem diferente este ano. Ele não vendeu antecipado. Os preços foram declinando e ele segurou", disse o executivo, referindo-se às vendas antecipadas da soja 2014/15. "Ano passado tínhamos vendido um percentual bom (antecipadamente) e este ano está muito pouquinho."
Neste cenário, a tendência é que os produtores façam suas vendas de maneira mais lenta ao longo de 2015, mantendo o produto estocado por mais tempo.
"Até agora nunca tivemos problema de coordenar isso (estoques), mas é um problema sério. O pessoal segura o produto, mesmo porque temos uma boa capitalização do produtor... Vamos ver como se comporta este ano", avaliou.
Apesar do desafio, a Coamo deverá ter "menos preocupação do que outros", já que investiu em armazenagem em anos recentes. A capacidade estática da cooperativa é para 4,58 milhões de toneladas de grãos.
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