Apesar de autorizado oficialmente, o plantio de soja nos principais Estados produtores deve se intensificar apenas nas próximas semanas, com produtores buscando fazer sua lavoura somente nas melhores condições climáticas, disseram na sexta-feira (20) entidades ligadas a produtores.
Este ano não há o mesmo entusiasmo para plantar o milho após a soja, considerando os preços mais baixos do cereal.
Mato Grosso e Paraná, que deverão ter a maior área já plantada, encerraram esta semana o período de vazio sanitário –no qual o plantio é proibido para evitar perpetuação de doenças.
“Em boa parte do Estado, (o plantio) ainda não começou. Os produtores que entraram na lavoura nesta segunda quinzena de setembro, são aqueles que plantam algodão na segunda safra e não se prendem muito ao clima”, disse o gestor do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), Daniel Latorraca.
A estimativa do Imea é que até o momento menos de 0,5 por cento das lavouras de Mato Grosso tenham sido semeadas, em linha com o ano anterior.
A previsão dos meteorologista é de chuvas irregulares neste início de safra no Centro-Oeste brasileiro, com normalização das precipitações apenas em outubro.
“Este ano tende a ser muito parecido com o ano passado”, disse Latorraca, referindo-se ao atraso no plantio da soja em 2012, por falta de chuvas.
O gestor do Imea lembra que, no início de 2013, muitos produtores empolgados com os preços do milho anteciparam a colheita de soja para adiantar o plantio do cereal, mesmo sem que a oleaginosa tivesse secado de maneira adequada, reduzindo produtividades.
“Ano passado estávamos com uma fome de plantar milho muito grande, com antecipação de colheita da soja. Este ano a gente vai ter um plantio de soja mais tranquilo”, disse.
Este é um dos fatores que levaram o Imea a subir em uma saca a estimativa de produtividade média de Mato Grosso nesta temporada 2013/14, atingindo 51 sacas de soja por hectare.
O produtor rural Julio Cinpak, que planeja plantar 2 mil hectares de soja este ano na região de Lucas do Rio Verde, norte de Mato Grosso, disse que os agricultores não estão com pressa.
“De um modo geral os produtores querem fazer um bom plantio de soja, e não vão correr risco de plantar sem chuvas”, disse Cinpak, que também é vice-presidente do sindicato rural no município.
Ele relata que o plantio ocorreu na região apenas em poucas áreas, principalmente onde há irrigação.
“As chuvas já ocorreram, mas de uma maneira não uniforme. Acredito que na próxima chuva, a partir da semana que vem, é que vai ter plantio mais intenso.”
Se o padrão de plantio da safra passada for repetido, as próximas semanas devem ser de muito trabalho. Em 4 outubro de 2012, o Imea já havia registrado plantio em 8,6 por cento das áreas de soja de Mato Grosso. Em 18 de outubro o plantio estava realizado em 33 por cento da área.
PARANÁ
No Paraná, segundo maior produtor do país atrás de Mato Grosso, as chuvas têm sido boas nas últimas semanas, garantindo umidade ideal no solo. Mas é um outro fator relacionado ao clima que manteve muitas máquinas plantadeiras fora das lavouras.
“Aqui no Paraná, o zoneamento agroclimático da soja só permite plantio a partir do dia 20 (de setembro)”, lembrou o gerente técnico da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), Flávio Turra.
Segundo ele, a tendência é de que a partir deste final de semana comece o plantio na região oeste do Estado, “próximo a Palotina e Marechal Cândido Rondon.”
“Existem plantios antecipados”, disse, ressaltando que eles são isolados.
Produtores que quiserem garantir financiamento em bancos oficiais ou estar habilitados para o seguro rural precisam realizar o plantio dentro dos períodos estabelecidos pelo zoneamento agroclimático, definido pelo governo.
“O mês de outubro vai ser forte no oeste e norte do Paraná, que é a região que planta milho safrinha”, disse Turra, citando a safra de milho prevista para ocorrer imediatamente depois da colheita de soja.
No norte do Paraná, por exemplo, muitos já se preparam para o plantio da soja.
“Os produtores estão realizando dessecação, roçadas de palhadas de milho e aplicação de calcário, ou seja, estão se preparando para o plantio das culturas de verão”, disse em nota o técnico William Meneghel, do Departamento de Economia Rural em Maringá.
Fonte: Agrolink
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