Nesta sexta-feira, os futuros dos grãos negociados na Bolsa de Chicago tiraram o dia para "respirar" e registraram um dia de realizações de lucros. De acordo com o analista de mercado da PHDerivativos, Pedro Dejneka, de Chicago, os volumes de operação nessa sessão foram bem menores do que a média vista essa semana. A soja fechou com perdas de 15,75 a 20,75 pontos, o milho entre 13,50 e 15,75 pontos, e o trigo, que liderou as perdas, recuou mais de 20 pontos nos principais vencimentos.
"O mercado continúa volátil e de olho no clima, mas, como já vem sendo falado , não se pode esperar que o mercado suba em linha reta e em ritmo sempre acelerado", ratificou Dejneka, confirmando que esse movimento de correção dos preços é natural do mercado.
O analista afirmou ainda que um dia negativo no mercado financeiro registrado nesta sexta-feira contribui para essa correção dos preços. A situação da crise na Europa é bastante grave e preocupa os investidores a cada dia mais. Diante disso, a aversão ao risco só faz aumentar.
"A esperança até início deste ano era de que os 'países 'emergentes' salvariam a economia global de uma prolongada recessão. A realidade mostra que ficarão na esperança. Os BRICs e seus parceiros não estão imunes às pressões de 'economias desenvolvidas' e os últimos fatos apontam para isto", explicou o analista.
No entanto, apesar do recuo registrado no pregão desta sexta-feira, os preços dos grãos são historicamentes altos e se encontram em patamares muito positivos. Isso acontece porque, nesse momento, o mercado é extremamente climático e a influência do macrocenário é quase nula.
Nada mudou em relação ao clima nos Estados Unidos e as condições continuam adversas e desfavoráveis às lavouras norte-americanas. As últimas previsões do modelo americano, o GFS, apontam para chuvas e temperaturas um pouco mais amenas a partir desta segunda-feira (9).
No entanto, mesmo que essas chuvas se confirmem, elas não serão suficientes para resolver o problema de falta de umidade do solo e não serão abrangentes. "O dano em boa parte da safra de milho é irreversível neste momento. A esperança agora é de chuvas que venham evitar maiores danos. Na soja, ainda se vê a possibilidade de recuperação de rendimento em algumas áreas, mas o consenso é de que grandes danos também já foram causados", alertou Dejneka.
Além disso, o analista afirma que estas são informações do modelo norte-americano, o qual não vem sendo muito preciso nas últimas semanas e a confiança dos agentes de mercado nele não é muito grande. O mais correto até o momento tem sido o modelo europeu, e esse não mostra muitas chuvas para as próximas semanas. Com isso, o que se espera é que na segunda-feira (9), o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) apresente um novo recuo nos índices de lavouras em boas ou excelentes condições tanto para a soja quanto para o milho em seu próximo relatório de acompanhamento de safra.
"A tendência não mudou e friso que mercados não sobem em linha reta. O “perigo” é muito maior de novas fortes altas e a indústria, assim como especuladores, estarão aproveitando baixas para entrar comprando. A definição do clima nas próximas duas semanas ditará a direção dos mercados no curto prazo.", completou Dejneka.
Fonte: Notícias Agrícolas // Carla Mendes
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