Nesta segunda-feira, os preços da soja bateram recordes no mercado interno brasileiro. No Porto de Paranaguá, o dia terminou com a saca de soja valendo R$ 68,00, maior cotação de todos os tempos. No Porto de Rio Grande, o valor foi de R$ 67,70. Essa forte alta foi resultado de uma junção do avanço do dólar, dos prêmios em alta, da já conhecida falta de soja e dos momentos de preços em alta na sessão de hoje na Bolsa de Chicago.
Apesar da abertura bastante positiva da oleaginosa no mercado internacional, os preços voltaram a recuar e encerraram os negócios em campo positivo, porém, com baixas que não chegaram aos dois pontos nos principais vencimentos. A pressão negativa veio do esfriamento dos ânimos no mercado financeiro, que foram estimulados pelo pacote de resgate aos bancos da Espanha acordado no último sábado (10). Os grãos também encerraram no vermelho, com o milho liderando as baixas, que superaram os 10 pontos nos principais vencimentos.
Depois da euforia inicial do mercado, uma injeção de realidade trouxe de volta a cautela aos investidores, que novamente focaram as incertezas que continuam rondando a economia europeia, apesar dessas soluções temporárias apresentadas pelas autoridades da Zona do Euro. Como explicou o analista de mercado Pedro Dejneka, da PHDerivativos, "essas pseudo-soluções nada mais são do que band-aids temporários para uma ferida que necessita de pontos".
Dejneka reiterou a falta de substância nos detalhes desses pacotes, principal fator que esfria qualquer melhor perspectiva para o mercado. "Com tudo isso, os mercados de commodities são empurrados e puxados pra cima e pra baixo de acordo com o ânimo dos investidores de peso (especuladores)", completou o analista.
Paralelamente, há demais fatores que vêm sustentando esse mercado extremamente volátil e complexo, como o clima, as notícias sobre demanda e ainda as especulações. Esse fechamento próximo da estabilidade no mercado da soja, com oscilações pouco expressivas, foi, portanto, resultado de mais um dia de ausência de novidades, "sem ter o que comprar ou vender".
No entanto, nesta terça-feira, 12 de junho, o mercado deverá dar atenção à divulgação do relatório de oferta e demanda do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) e aos números que serão divulgados para os grãos - soja, milho e trigo - e a influência que irão exercer sobre o mercado.
Além disso, é importante ainda acompanhar os mapas climáticos sobre as condições nos Estados Unidos para as próximas duas semanas. "É preciso que se faça isso antes de tentar se adotar a existência de uma nova tendência de curto prazo", disse Dejneka.
O analista reforçou, portanto, a atenção à essa estreita relação entre a situação do mercado financeiro global e os fundamentos que movem o mecanismo de cada commodity agrícola, não só da soja. Para a oleaginosa, Dejneka disse que "a nuvem cinza do macrocenário continua sobre estes fundamentos de oferta x demanda e não se pode ficar muito "confortável" com qualquer análise altista no momento, até que tenhamos soluções mais sustentáveis aos problemas da Europa e economia mundial, o que me parece cada vez mais difícil. Para que os fundamentos fortes da soja possam conseguir sustentar e impulsionar os preços a novas altas, precisaremos de que no mínimo não tenhamos pânico geral no macro. Porém, é preciso lembrar que o problema maior não é necessariamente econômico, mas sim, político, tanto aqui nos EUA quanto na Europa. E até que se acertem, as soluções econômicas que poderíam ser criadas, ficarão só no sonho".
Fonte: Notícias Agrícolas // Carla Mendes
Nenhum comentário:
Postar um comentário