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terça-feira, 22 de maio de 2012

Mais uma vez, mercado compra boatos e soja despenca em Chicago

Nesta terça-feira, a soja encerrou o dia com mais de 30 pontos de baixa na Bolsa de Chicago. Os futuros da oleaginosa despencaram, de acordo com analistas, depois que fundos e especuladores retiraram parte do prêmio de risco climático das cotações. Segundo mostram mapas climáticos, os próximos dias deverão contar com condições mais favoráveis para o bom desenvolvimento das lavouras nos Estados Unidos.

No entanto, há muito outros fatores influenciando o mercado. "Trata-se de um mercado altamente complexo", disse o analista Pedro Dejneka, da corretora PHDerivativos, direto de Chicago. A terça-feira, segundo ele, foi mais um dia em que o mercado comprou alguns mercados para registrar oscilações tão expressivas.

O principal deles é de que a China estaria dando um "calote" em contratos de importação não só de soja, mas também de carvão, ferro e algodão. Dejneka afirma que são apenas boatos, porém, deixaram o mercado bastante nervoso.

Apesar de não acreditar que isso possa ser verdade, o analista alerta para uma possibilidade de os próprios chineses terem plantado essas informações como forma de forçarem uma baixa dos preços. "Não digo isso para colocar medo ou para alertar, estou reportando boatos que circularam aqui em Chicago e que influenciaram expressivamente o mercado", disse.

Além disso, Dejneka alertou ainda para a saída dos fundos de investimentos do mercado da soja. A oleaginosa foi a commodity que liderou as altas dos últimos meses no mercado internacional - em função principalmente dos fundamentos - e por isso, agora, em um cenário marcado pela forte volatilidade, é a que deverá sofrer com as perdas mais intensas.

"A soja subiu praticamente em linha reta nos últimos dois meses. E quanto mais ela sobe, por conta do alto volume de fundos no mercado, o risco de dias como os de hoje são maiores. A queda que vimos hoje foi até 'amena' perto do que poderia ter sido", explicou o analista.

Paralelamente a todo esse cenário de incertezas sobre os fundamentos e a China, que atualmente é o maior importador mundial de soja, há ainda a influência do macrocenário. A situação ainda á bastante delicada e exige cautela e atenção dos investidores.

A crise na Europa ainda não conta com medidas concretas que possam sinalizar melhores expectativas para os traders. Além disso, há uma boa quantidade de fundos de bancos europeus investindo no mercado da soja que podem deixar o mercado há qualquer momento e isso também pode pressionar as cotações. A relação com o mercado financeiro, portanto, ainda é bastante estreita, como explicou Dejneka.

O mercado internacional da soja passa por um momento de extrema complexidade e volatilidade. Os negócios mostram-se bastante sensíveis com os acontecimentos desde o início do ano e exigem muita serenidade e atenção extrema dos investidores.

Para que a soja volte a registrar novos e firmes avanços precisará de notícias frescas sobre a demanda. "O que o mercado que ver agora é novidade sobre a demanda imediata, no curto prazo. O mercado trabalha com o agora", confirma o analista.


Fonte: Notícias Agrícolas // Carla Mendes

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