Nesta terça-feira (8), os futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago tiveram a maior baixa desde janeiro, encerrando o dia com quedas de quase 30 pontos nos contratos mais próximos.
De acordo com analistas ouvidos pela agência internacional Bloomberg, a oleaginosa foi severamente pressionada por preocupações com a situação da economia europeia e com a intensificação dos temores de que a dívida na Zona do Euro irá reduzir o ritmo do crescimento econômico mundial, comprometendo a demanda por commmodities.
Paralelamente, o dólar estendeu seu mais longo rally desde 2008 frente ao euro com a possibilidade de a Grécia se tornar o primeiro país em desenvolvimento a não conseguir honrar seus compromissos financeiros, gerando um default (o chamado calote).
O nervosismo visto no cenário macroeconômico esta semana está sendo explicado como um reflexo do resultado das eleições presidenciais na Grécia e também na Franca, com temores de que com novos governantes o pacto de austeridade fiscal firmado no início do ano esteja ameaçado.
Todo este quadro de incertezas e preocupações com o crescimento mundial influenciando diretamente nas perspectivas para a demanda encorajou os investidores a se retirarem do mercado de commodities, o qual é bastante volátil, fazendo a soja registrar um agressivo recuo depois das máximas em 45 meses vistas nas últimas semanas. A oleaginosa chegou a bater os US$ 15 por bushel.
Com isso, o vencimento maio, referência para a safra brasileira, acabou perdendo o importante patamar psicológico dos US$ 14,50 por bushel, trazendo ainda mais dúvidas para o mercado.
Os investidores mostram-se mais avessos ao risco frente a ausência de novidades entre os fundamentos, que, apesar de tudo seguem positivos. A demanda segue aquecida e a oferta de soja ainda é bastante restrita. Com isso, as realizações de lucros são inevitáveis.
O quadro delicado se completa com a proximidade da divulgação do relatório de oferta e demanda mundial do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), que acontece nesta quinta-feira (10).
Os dados do departamento norte-americano são os oficiais e por isso, mesmo que às vezes sejam contrariados por alguns analistas, influenciam bastante nos negócios em Chicago. Por conta dessa influência, os investidores buscam um melhor posicionamento antes do relatório, o que também contribui para a volatilidade do período que precede a divulgação.
Agentes de mercado apostam em um novo corte para a safra de soja da América do Sul, bem como nos estoques dos Estados Unidos, informações que poderiam provocar novas altas dos preços futuros. A colheita de soja argentina, antes prevista em 49 milhões de toneladas, não deve passar dos 42 milhões, de acordo com expectativas.
Fonte: Notícias Agrícolas // Carla Mendes
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