Nesta terça-feira, a soja despencou na Bolsa de Chicago. A oleaginosa encerrou o pregão noturno
de hoje com baixas de mais de 13 pontos, abriu a sessão regular em campo ainda negativo, ampliou suas perdas e encerrou o dia com quedas superiores a 20 pontos nos principais vencimentos. O contrato maio/12, referência para a safra brasileira, fechou cotado a US$ 13,53,
recuando 21,25 pontos.
De acordo com analistas, essa significativa queda, no entanto, nada mais foi do que uma continuação do movimento de realização de lucros iniciado pelo mercado nesta segunda-feira, após fortes altas registradas pela soja nas últimas sessões.
O cenário fundamental positivo que vem sendo registrado nos últimos três meses por conta das severas perdas na América do Sul causadas por uma forte estiagem e mais a demanda aquecida por parte da China permitiu que o mercado registrasse fortes avanços. A soja vem subindo por sessões consecutivas em Chicago, intercaladas apenas por essas breves realizações de lucros. Nos últimos três meses, a commodity negociada em Chicago teve uma alta de 24%.
Porém, quedas como estas observadas hoje já vinham sendo sinalizadas por analistas de mercado. Como explicou Pedro Dejneka, da PHDerivativos, direto de Chicago, o movimento reflete a manifestação de um mercado eficaz e saudável. "Trata-se de uma simples e pura realização de lucros daqueles que lucraram muito com a alta, praticamente em linha reta, desde meados de janeiro, nos preços dos grãos, principalmente da soja".
Dejneka explica ainda que o mercado busca também novas informações para voltar a subir expressivamente, haja visto que as perdas na América do Sul e a demanda chinesa já foram absorvidas. "A faísca que nos trouxe essas altas já foi precificada no mercado". E agora o foco muda para as expectativas de um grande início de plantio nos EUA [safra 12/13], com o clima ajudando bastante", completou.
O analista ainda chama a atenção para a intensa participação dos fundos no mercado. Na última sexta-feira (16), a posição comprada dos fundos atingiu níveis quase iguais aos maiores já registrados.
-- "Muitos se posicionaram na compra, comprando quantias de contratos equivalentes ao que compraram ano passado, quando a soja chegou acima de $14,50 o bushel em Chicago", explicou Dejneka. "Isso trouxe maior cautela ao mercado e com o fechamento de ontem relativamente negativo, deu um incentivo maior aos participantes do mercado a retirarem seus lucros e aguardar uma maior definição de uma nova tendência de curto prazo", disse.
Porém, mesmo com movimentos como este registrados hoje, a tendência de alta da soja no médio e longo prazos não muda, já que o cenário permanece positivo e o quadro de oferta e demanda bastante ajustado.
Essa realização que pressionou a soja, também impactou os preços do milho e do trigo. O mercado, assim como a oleaginosa, deram início a este movimento ontem e fez com que os grãos ampliassem suas perdas nesta terça-feira.
No caso do trigo, porém, houve mais um fator negativo. Os investidores intensificaram essa realização de lucros diante de previsões de condições climáticas favoráveis no cinturão produtor do EUA, informação que também pesou sobre as cotações.
Fonte: Notícias Agrícolas // Carla Mendes
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