PARIS - Ministros europeus de Finanças vão tentar hoje avançar nas conversas para um acordo de redução da dívida grega, crucial para evitar um calote, mas que ainda permanece sem definição em função das discordâncias com os credores privados.
Um acordo evitaria um calote grego de cerca de 100 bilhões de euros à medida em que os credores trocariam seus bônus gregos por novos títulos de prazo mais longo e taxas de juros mais baixas.
A Alemanha, que está muito envolvida com as negociações porque paga pela maior parte do pacote de ajuda à Grécia, lidera a pressão para que os novos bônus paguem taxas menores do que os credores buscam.
Os ministros das Finanças da França, François Baroin, e da Alemanha, Wolfgang Schaeuble, se encontraram em
Paris antes de um encontro com seus pares da zona do euro, mais tarde, em Bruxelas.
Representantes gregos disseram que as negociações para a redução da dívida privada seguem pelo telefone, já que nenhum outro encontro foi marcado para esta semana.
Na semana passada, representantes dos credores privados do país tiveram três dias de reuniões com o primeiro ministro grego, Lucas Papademos, e o ministro das Finanças do país, Evangelos Venizelos, para discutir a troca de bônus, oficialmente chamada de Envolvimento do Setor Privado (PSI, na sigla em inglês).
As negociações seriam retomadas no sábado, de acordo com representantes do governo grego. Mas Charles Dallara, diretor do Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês), que está conduzindo as negociações representando os bancos e outros credores privados de bônus soberanos gregos, deixou o país para um compromisso anteriormente agendado em Paris, no sábado.
Dallara disse à Associated Press ao longo do fim de semana que está "falando pelo telefone constantemente" com representantes do governo grego e que as negociações continuam.
Os conselheiros legais e financeiros do IIF ainda estão em Atenas trabalhando em vários pontos do acordo com o governo grego e, segundo um porta-voz, Dallara retornará ao país "quando necessário".
No domingo, Dallara teria dito à rede de televisão Antenna TV que apresentou à Grécia a "melhor proposta possível" para a redução da dívida e que "as principais peças estão no quebra-cabeça".
"Eu acredito que os elementos estão agora em ordem para um acordo voluntário histórico de PSI. Agora é uma questão de ver a reação dos governos europeus e, claro, do Fundo Monetário Internacional, a essa proposta", disse.
Se os credores aceitarem o acordo voluntariamente, o país evitaria o pagamento de um seguro sobre os bônus reestruturados. A União Europeia e o FMI lutam para manter o acordo voluntário, mas Dallara sugeriu que as demandas estavam ultrapassando o limite do que os credores privados considerariam voluntário.
"Nossa oferta que foi apresentada ao primeiro ministro é a oferta máxima consistente com um acordo PSI voluntário", disse. "Estamos em uma encruzilhada. Ou optamos por uma reestruturação da dívida voluntária ou a alternativa é escolher o caminho de um calote."
Dallara disse que está confiante que um acordo pode ser alcançado um "um prazo muito, muito, muito curto de tempo".
A redução da dívida é uma parte chave para a liberação de um segundo pacote de ajuda à Grécia, acordado em outubro, mas ainda não finalizado. Desde maio de 2010, o país vem se sustentando com o primeiro pacote de resgate de 110 bilhões de euros acertado sob a condição de que o governo aprofundasse os cortes de gastos e promovesse reformas no setor público.
Avaliadores de dívida da UE, do Banco Central Europeu e do FMI, conhecidos como "Troika", vão se encontrar nesta semana com representantes do governo grego em Atenas para discutir o programa de austeridade. Sem a aprovação da Troika, a Grécia não receberá mais recursos do pacote de ajuda, o que forçaria o país a decretar um calote desordenado da dívida em março e, mais provavelmente, abandonar o euro.
Fonte: Associated Press
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