A criação de mecanismos para conter a volatilidade dos preços das commodities agrícolas será um dos principais tópicos discutidos pelos líderes de governo na reunião do G20 Agrícola, realizada na quarta e quinta-feira (22 e 23 de junho), em Paris, na França. O ministro da Agricultura do Brasil colocou o tema em discussão e cobrou a participação dos demais governantes. O único mecanismo que existe para reduzir os preços é ampliar a oferta de alimentos. Isso não significa que venhamos a controlar os preços, disse.
O ministro lembrou que o Brasil é um dos poucos países do mundo com condições de ampliar a oferta de produtos agrícolas para abastecer o mercado interno e garantir suprimentos a outros mercados. Atualmente, o país destina parte do seu excedente agrícola a 180 países.
A posição do país é compartilhada pela Argentina e outras nações. "Por 30, 40 anos, os preços dos alimentos permaneceram baixos e ninguém procurou o Brasil para discutir sobre tal fenômeno, apontou o ministro. Os 20 países que participam do encontro representam 85% da produção agrícola mundial.
Em entrevista coletiva, Wagner Rossi declarou que o Brasil está disposto a discutir a agenda apresentada pelo governo francês sem restrições. Ele destacou que o país é favorável à criação de instrumentos de coordenação internacional de políticas que garantam a segurança alimentar.
Rossi comentou que o Brasil precisa discutir a regulação da relação entre a produção e o mercado financeiro. Não se deve deixar pontas soltas porque uma financeirização das commodities pode gerar especulação, admitiu. Ele declarou que é preciso algum grau de regulamentação dos mercados futuros para evitar a manipulação dos agentes financeiros.
Proposta
O plano proposto pela França aos ministros da Agricultura que será apresentado aos presidentes na reunião do G20 em novembro inclui linhas de ação para aumentar a produção e a produtividade, além de criar mecanismos de informação para dar transparência aos mercados. A França quer a coordenação de políticas internacionais e a criação de mecanismos para reduzir os efeitos da volatilidade dos preços para os países mais vulneráveis, além de algum grau de regulação dos mercados financeiros.
Wagner Rossi anunciou que o Brasil é favorável às linhas gerais do plano apresentado pelo governo Sarkozy, mas insiste que não se pode restringir os preços. Ele defende a formação de estoques humanitários de alimentos, um dos temas a serem discutidos pelos ministros dos 20 países.
Ele também considera positiva a proposta de criação de um sistema de informação dos mercados agrícolas, a ser conduzido pela Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO). O sistema teria como objetivo reunir informações sobre os níveis mundiais de produção de alimentos, bem com o consumo e até estoques de commodities como milho, soja, arroz e trigo.
Fonte: Globo Rural On-Line
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