O risco de estiagem que assombrou os produtores rurais durante o verão vem se tornando uma ameaça cada vez mais real para a safra de inverno do Paraná. Sem receber chuvas de volume expessivo há mais de um mês, lavouras de milho safrinha das regiões Norte e Noroeste do estado começam a sentir a falta de água e têm seu rendimento limitado.
Levantamento divulgado ontem pelo Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria Estadual da Agricultu ra e do Abastecimento (Seab) re ve la que a estiagem durante o último mês reduziu em 1,6% o potencial produtivo do cereal. O rendimento médio da segunda safra paranaense, que há um mês era estimado em 4,42 mil quilos por hectare, foi rebaixado para 4,35 mil quilos.
Ainda assim, o volume total de produção pode ser maior que o projetado em abril. Isso porque, segundo a Seab, os produtores dedicaram ao milho safrinha uma área maior que a prevista inicialmente. Nas contas da se cretaria, o cereal ocupa 1,7 mi lhão de hectares neste inverno do estado, 480 mil hectares a mais do que o estimado há um mês.
Os números tendem a mudar. Ainda não dá para falar em quebra, mas, se não voltar a chover nos próximos dez dias, haverá perdas, principalmente em regiões onde a situação é mais crítica, como no Norte, alerta o economista do Deral Marcelo Moreira.
Mapas climáticos do Instituto Somar mostram que o risco de quebra é grande. Segundo a meteorologista Olívia Nunes, não há previsão de chuva considerável para as próximas semanas no Paraná. Há uma frente fria chegando ao estado entre os dias 2 e 3 de junho e outra perto do dia 10. Mas, nos dois casos, as precipitações não garantem reserva hídrica.
De acordo com o Somar, a tendência é que as chuvas continuem abaixo da média pelo menos até o início do inverno no estado. Também existe risco de geadas precoces, na segunda quinzena de junho, e tardias, em setembro.
Acumulados
O Norte paranaense recebeu apenas metade das chuvas esperadas para este mês, considerando médias históricas. Levantamento do Somar mostra que as precipitações de maio, que deveriam acumular entre 50 mm e 100 mm, ficaram entre 25 mm e 50 mm na região. Conforme o Simepar, depois de 23 dias sem receber uma gota dágua, o município de Londrina registrou somente 5,2 mm dos 107 mm que seriam normais para o quinto mês do ano.
Oeste e Sudoeste do estado também enfrentam problemas. Nessas regiões, as precipitações dos últimos 25 dias acumularam entre 10 mm e 20 mm, contra 100 mm a 150 mm da média histórica, de acordo com o Somar. Cascavel, onde costuma chover 190 mm ao longo do mês de maio, ficou dez dias sem chuva e acumulou apenas 13,2 mm até agora, segundo o Simepar. O município de Pato Branco, que deveria ter recebido mais de 200 mm de água, registrou 4,8 mm desde o início do mês.
Fonte: Gazeta do Povo
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