Um dos produtos com maior peso na pauta de exportação do
Brasil, a soja pode sofrer uma retração "histórica" de preços
internacionais nos próximos meses. Pelo menos é o que prevê o presidente da
Hackett Financial Advisors, Shawn Hackett, em relatório divulgado ontem a seus
clientes.
"Os produtores deveriam aproveitar os preços atuais e vender da forma
mais agressiva possível. Estamos próximos das [cotações] máximas para o
resto do ano e, possivelmente, para os próximos vários anos". Hackett enumera
as razões que o levam a apostar na queda. Segundo ele, a safra sul-americana,
que foi duramente castigada pela estiagem em 2011/12, é "provavelmente maior"
do que se imagina e deverá ser revisada para cima.
Além disso, Hackett avalia que os preços atuais da commodity tornaram-se
"muito atrativos" e devem convencer os agricultores dos EUA a plantar entre
800 mil e 1,2 milhão de hectares a mais do que o esperado em 2012/13, "o que
deve garantir um aumento expressivo nos estoques de passagem para 2013".
O analista afirma, ainda, que os fundos especulativos detêm um volume
recorde de contratos futuros de soja na bolsa de Chicago, "de fato, mais de 35%
da produção esperada para os EUA". "Os fundos raramente mantêm uma
posição por mais de três meses, e cada um desses contratos será devolvido ao
mercado quando chegar a colheita. Duvido que o mercado vai aceitar 35 milhões
de toneladas de soja a US$ 14 por bushel", afirma.
Hackett chama a atenção, finalmente, para os efeitos do câmbio no
Brasil. Para ele, a alta do dólar frente ao real (que infla os preços
domésticos da commodity) abre caminho para que as cotações internacionais
caiam e, mesmo assim, mantenham-se atraentes para estimular o plantio
necessário no país.
"[Um preço entre] US$ 8 e US$ 10 por bushel pode resolver o problema",
afirma. Por fim, ele afirma que as margens de esmagamento de soja na Ásia
estão "terríveis" e devem frustrar as elevadas expectativas de exportação
dos Estados Unidos para a China.
Depois de atingir o patamar mais elevados em sete meses na semana passada,
os futuros da soja fecharam a segunda-feira em queda em Chicago. Os contratos
para julho caíram 8,50 centavos de dólar, para US$ 14,41 por bushel,
devolvendo parte dos ganhos registrados na sexta-feira. Os preços da soja já
subiram 19,3% em 2012.
Vinícius Ito, analista da Jefferies Bache, afirma que há uma tendência
sazonal de queda das cotações a partir de julho, quando o cenário para a
safra americana fica mais evidente. Mas ele pondera que ainda é cedo para fazer
previsões sobre a extensão do movimento.
"A intensidade da queda depende de onde o mercado vai estabelecer o pico
de precificação, e isso não está claro. Por enquanto, o plantio segue com
clima favorável nos Estados Unidos. Se houver algum problema, é possível que
o mercado tenha fôlego para subir mais ainda", diz o analista. De acordo com
ele, os fundamentos do mercado indicam que a soja pode atingir até US$ 15 por
bushel. As informações partem do Valor Econômico.
FONTE: Safras e Mercado
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